Sonhos Platônicos

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Aquele que bate à porta...


É.. Tô começando a me cansar dessas férias cheias de nada pra fazer. Olha só o resultado:

É dia! O sol já vai alto! Acorda! Abra os olhos, a noite já se foi e na porta batidas desesperadas te chamam. Levanta dessa cama! Vai! Vai logo! Esqueça as aparências, pra que escovar os cabelos? Não perca tempo, tudo isso pode esperar. Aquele que bate à porta não. Sei que as garras do sono teimam em te prender. Não seja ludibriado por elas. Tentam confundir teus sentidos impedi-lo de levantar, de abrir os olhos, de reagir, mas não desista. Lute. Não é o sono o grande mal. A maldade está naquilo que te priva de lutar. Que te prega ao chão quando tuas asas te impulsionam para o infinito. Não te deixes olhar para o chão. Olhes sempre pra frente. Se o céu é, como dizem, o limite, então não tenha limites. Caia sim, mas caia pra cima.
O caminho do teu quarto até a porta nunca pareceu tão longo. Móveis se tornam obstáculos que exigem grande habilidade àquele que deseja tranpô-los. E tu tens esse desejo. As batidas na porta, cada vez mais altas, só te fazem querer chegar mais rápido. O senso de urgência é muito grande para ser ignorado. Tentas falar e tua voz soa distante.
“Quem bate?”
Respostas não vêm.
“Só um minuto!”
As batidas, no entanto, não cessam. Elas nunca cessam. Mesmo quando os problemas enfrentados tentam mascará-las sob o véu da ignorância, elas continuam insistentes. Bem lá no fundo algo está sempre te chamando à realidade. Se a vida é uma batalha, dar ouvido às batidas nas portas de nossa consciência é pegar em armas, vestir a armadura da coragem e encarar a morte de frente. Morrer é não ter força pra lutar por aquilo que desejas, ou pior, não ter o que desejar.
Mão na maçaneta. Onde estão as chaves? O olho mágico enxerga o que há do outro lado daquilo que nos separa do mundo lá fora, revelando o desconhecido. Tu reconheces o que vê. Já vistes antes. Em teus sonhos.
As batidas cessam de repente. Mãos trêmulas de ansiedade giram a chave de ouro que desfaz a última barreira que te esconde dentro de ti mesmo. A porta se abre, leve ranger de dobradiças. Raios de luz invadem a sala, a vida. Tudo agora é brilho.
O futuro entra sem pedir licença.


Abraços a todos!!