Sonhos Platônicos

terça-feira, outubro 03, 2006



O mercador levou seus sonhos
Fora trocada por um punhado de café
Naquela mente tudo se passava, angústias, sonhos, medos, liberdade
A intensidade que vivia por minuto, no instante da troca desaparecera
Agora o que movia a sua vida era a incerteza
Os minutos corriam nas suas veias como um veneno
A dor a enlouquecia
A vontade de abraçar rostos conhecidos só aumentava a medida que aquele veneno se misturava com o seu sangue, grande tormento
O beijo que nunca houvera a faz derramar uma lágrima
Lembrança do rosto querido, da feição que movia horas de pensamentos
Da risada que a deixava encabulada, dos planos que tivera feito
O seu desejo maior é acordar desse pesadelo
Mal sabe ela que a sua nova rotina só está começando
Terá que aprender a viver sem vida, começará a olhar o dia sem um sorriso
Com o passar dos dias não enxergará mais a cor
Nem lembrará que isso um dia existiu

É só esperar...
Os seus mais belos sonhos agora estão escondidos num pequeno ser luminoso, na menor estrela do céu imenso

No lugar onde ninguém poderá encontrar, onde alma alguma poderá mudar o que esses sonhos viveram, o que esses sonhos sonharam
A estrela privilegiada por receber essas ilusões, agora brilha cada vez mais forte, mais intensa
Entende que existe um ser lá embaixo que agora sofre e sente falta da luz, do brilho
Começa a pensar em algum modo de livrar todo o sofrimento da pessoa que não possui mais o momento de sonhar
Pede para a lua transformá-la em um pedacinho de pedra, a estrelinha não se importa mais em brilhar o que ela quer é devolver a vida a alguém que possui sentimentos nobres dentro do coração.
Por sua vez a lua encantada com a atitude da estrela decide usar do seu verdadeiro poder, ao cair da noite descobre onde dorme o ser aflito, penetra no seu pensamento e devolve tudo o que estava contido no brilho exalado pelo astro luminoso, com um sussurro diz:
_ Corre pequena menina, corre...
Os seus sonhos te pertencem, as cores voltaram pra ti
Faça valer a pena sua nova vida!