Sonhos Platônicos

quarta-feira, março 07, 2007

A menina


Ela caminhava entre ruas arborizadas tranquilamente, seus pensamentos estavam bem longe dali, o percurso era o mesmo de todos os dias.
Sempre de cabeça baixa, com sua mochila preta nas costas e suas havaianas nos pés, que juntos a levavam para o seu pequeno mundo de fantasias.
Ela entrava após alguns minutos de caminhada em um prédio histórico, onde ali ela podia ser ela mesma, não precisa fingir que sabia algo ou que nada sabia, simplesmente vivia do jeito que sabia viver, falava quando necessário, em vários momentos se pegava com o pensamento longe.
Ali no prédido velho, todo adornado meio em estilo barroco, subia as escadas e se dirigia a sala 79-B, procurava a sua carteira estofada, deixava a mochila preta no chão e ali se sentava.
Passava horas ouvindo vozes especiais a dizer sobre os mais fantásticos assuntos que a cativava, um dia sobre política, outro sobre sociologia e assim por diante.
Um sentimento estranho de se explicar crescia nela e a menina não entendia o que estava acontecendo. Em certos momentos sentia que não era dona do seus pensamentos, era como outra pessoa estivesse ali por ela.
Suas idéias e seus ideias a cada dia ficavam mais verdadeiros e honestos. Ela crescia sem perceber, sem perceber a doçura e seu jeito de criança sapeca e cativante.
Os olhos brilhavam quando algo a encatava, podia ser uma palara, um gesto, especialmente os sorrisos, sim isso a levava para outra dimensão, nesta criava as mais belas história e sempre dava um jeito de ser alguma personagem, ora era principal, ora era coadjunte, mas sempre presente. Sonhar em fazer o bem, algo sempre presente.
O motivo dela frequentar esse prédio histórico um tanto barroco era e sempre foi esse, fazer o bem.
Na sua mochila preta além de livros e cadernos a pequena leva seus sonhos, seus medos...
Os medos que a deixam menor, que a faz não olhar para o alto ao caminhar, o que a deixa com o olhar triste e molhado, mas que não aquieta seu coração e não seu sonhar...
Ela precisa aprender a caminhar e libertar suas borboletas saltitantes para voar, alçar os mais altos vôos, lançar suas idéias para o vento e deixar que ele se encarregue em levar para qualquer lugar...
Ela precisa voltar a voar...