Sonhos Platônicos

domingo, junho 11, 2006

O que Dizer de Um Sorriso..

Brigou com sua vontade de sorrir. Acordou de manhã e pensou: “Sorrir pra que? Pra quem? Quem merece esse esforço?” Buscou na memória a resposta que sabia não iria encontrar. Imaginava o esforço que tinha feito em sua vida para transparecer algo que não era, sorrindo sem vontade, sem motivo e só agora via a verdade: Ser quem se é e o que se é realmente vale muito mais a pena. Doa sempre a quem doer.

Trouxera da noite o peso de um longo sono sem sonhos que não o recuperara do cansaço. Cansado estava, de tudo e de todos. O sono não descansa olhos cheios de lágrimas e vazios de alma. Tinha raiva de si mesmo por saber que não devia chorar. Sentia-se cercado por um mundo de pessoas que não mereciam se quer uma lágrima sua, o que dizer de um sorriso. Então, pra que sorrir? Pra que chorar? Queria parar. Decidiu que não verteria um único milímetro cúbico de lágrima ou sorriso a mais ninguém nessa vida, já que não havia nela alma viva ou morta que os retribuiria com sinceridade.

Pessoas são enormes fontes de onde jorram decepções e o coração, vítima principal dessa falta de cuidado, sofre quieto, mansinho, sem nunca reclamar direito algum. Ele fica ali esquecido num canto e, tal qual um tumor maligno, quando dói é porque a ferida já é grande e a esperança pequena demais. Passara a vida a maltratar um frágil coração em troca de nada e a dor que sentia agora era seu choro por misericórdia. Sempre é tarde para ouvirmos o choro do coração.

Olhou-se no espelho e pelas janelas de sua alma não viu nada. Nem ninguém. Só o vazio. Abriu a porta e saiu pro mundo. O sol queimava a pele de um corpo sem alma.