Sonhos Platônicos

sábado, março 24, 2007

Meu Velho Vício...


Queria eu escrever algo diferente. Faz um tempo já que as palavras me somem da mente. Sempre que começo algo novo, elas fogem, se escondem. Brinco de pega com as palavras e elas sempre ganham. Acho que elas de antemão sabem onde nunca as iremos encontrar.

A vida, minha vida, tem me feito pensar em várias coisas novas. Vou caminhando pela rua e tudo o que vejo me desafia, me põe em cheque. Tenho vontade de escrever o mundo. Escrever pessoas, seus pensamentos, seus sonhos. Escrever a criança brincando na calçada, o motoqueiro que avança veloz por entre os carros, motoristas ao celular, malabaristas de semáforo. Quero entender seus sonhos, suas vontades, o que os motiva a serem o são, fazerem o que fazem. Entender. Ás vezes me parece que exagero ao querer mais do que me foi dado entender. Será?

Tenho vergonha de estar aqui a escrever sobre pensamentos meus de novo. Não é justo. Tantos assuntos realmente importantes desfilam ante meus olhos e eu aqui parado. Egoísta penso apenas em mim mesmo. Na verdade não é isso. Antes fosse. O que me atormenta é o meu velho vício de ser romântico. Ou talvez de querer sê-lo. Olho em volta e vejo tudo, mas o tudo é nada, não tem importância, quando penso que é sobre você que eu realmente queria escrever. Não sobre mim. Você só. Não tenho medo de admitir que você é o meu assunto preferido.

Mas também não é só isso. Queria eu poder pensar em você sem associar a sua imagem à minha. Queria aprender a imaginar que somos dois e dessa forma dar um basta a tantas (falsas?) esperanças. A gente sofre tanto e nunca aprende o que realmente importa.

Queria escrever algo diferente, mas pelo visto não consigo. Vivo sempre a mesma repetição de pensar e escrever você. Corro atrás das palavras e só encontro o seu nome em todos os cantos, esquinas, calçadas, semáforos. Isso é ruim? Estou errado? Talvez.

Me pergunto o que seria mais importante: Escrever o amor ou escrever o mundo. Ser ativista ou romancista? Quem estava mais certo: Shakespeare ou Che Guevara? O que realmente importa? Tento me decidir por um lado, mas não consigo. Às vezes o muro parece alto demais para ser transposto e acabo ficando em cima dele.

Termino meus textos assim: Desejando um dia aprender a escrever sobre o que realmente importa, imaginando que talvez nesse dia eu descubra que eu já sabia a resposta.