Breve História de Amor
Quero escrever uma história de amor. Não uma canção. Canções existem em compassos musicais e estes, não são suficientes pra conter a beleza do amor. A sutileza do olhar, do encontro. As primeiras palavras trocadas ao acaso, desde já carregadas de emoção, porém contidas, envergonhadas. O primeiro contato, a mão que acaricia o cabelo, o sorriso que acaricia o coração. A canção esconde, em meio a harmonias musicais, a desarmonia prazerosa do suspiro apaixonado, das lembranças cheias de cor, cheias de um sim, um não, talvez. Talvez. A incerteza. Na minha história as incertezas são singulares e as certezas plurais. Ele sabe, desde que a viu pela primeira vez sentada no banquinho isolado da praça, que dela seria para sempre. Ela o viu um momento depois, e nesse preciso instante foi atropelada pela certeza que dele seria hoje, amanhã e depois. Uma canção jamais contaria os detalhes e é aí que ela perde sua força. A beleza do amor se esconde nos detalhes, nos momentos mais insignificantes, nas imperceptíveis notas de roda pé que o coração insere no fim da página. É lá que o “felizes para sempre” tem seu sentido, seu lado real. É lá que o conto de fadas vira História de amor, com um H maiúsculo cheio de força, vontade de acontecer. A canção é ouvida, dançada. A história é vivida, contada. Cada boca que conta a história lhe dá sentido novo, magia nova, fantástica, que tenta em vão traduzir a linguagem indecifrável do amor. A canção de amor é sempre canção, somente canção e eternamente o será. Ela não muda, resiste ao tempo. A canção é eterna. A história termina. Sim termina. Minha história de amor tem final, porém esse é feliz. Se o final eu já sei, o começo... É agora, nesse momento, quando do banco isolado da praça você olha pra mim e a minha certeza une-se à sua certeza e o encontro... É pra toda vida.
Não consigo guardar histórias na manga... Elas saem voando...