Sonhos Platônicos

quarta-feira, março 15, 2006

Tentando colorir o que é colorido, mas enxergando preto e branco


Acordo dou um salto e corro, abro a porta do banheiro e rapidamente me encontro debaixo do chuveiro observando o nascer do sol pela pequena janela. Meus pensamentos voam para algum lugar do espaço tentando encontrar uma saída para tudo o que me encanta e atormenta. Quando me dou conta, estou atrasada. Enfio a primeira roupa que encontro e lá se vão os pensamentos e a preocupação toma conta do espaço. São seis e quarenta, ônibus lotado, faces tristes outras alegres indo para algum lugar da cidade, uns vão trabalhar, outros estudar sem contar aqueles que saem bem cedinho esperando encontrar um emprego. Quem sabe?

Muitos ali estão em busca dos sonhos, que parece terem se perdido em algum lugar da vida sofrida, deixando marcas por onde passam.

Como queria poder tirar toda a dor e pranto e no lugar enchê-los de alegria e esperança. O meu ponto chega e desço, deixando de lado a companhia desses rostos que tanto me encantam e me preocupam.

Uma mistura de sensações, sentimentos toma o meu dia, a segunda – feira que parecia ser mais um dia normal, não é. A cada lugar que passo, algo deixa de fazer sentido e a vontade de gritar para todo mundo que ainda existe esperança, ela mora bem ao lado, muitas vezes chega atrasada, mas ela não deixa de existir e muito menos de olhar por nós. Cresce e conforme o seu crescimento meu peito parece explodir. Não explode, chego em casa, tudo tranqüilo. Sento na cadeira e olho para a tela do meu computador, pensando incessantemente sobre tudo o que ocorreu nesse dia tão tradicional.

Resolvo deixar tudo de lado. E por um minuto viajo novamente entre meus sonhos. Todos coexistindo, sentindo uma alegria sem fim, aqueles que buscam os sonhos, encontram. Outros que necessitam de um emprego, empregados. Eu que quero gritar, gritando...

As faces já não são mais as mesma, só o que figura nelas são um largo sorriso e isso me satisfaz. Agora posso voltar as minhas tarefas diárias, sinto por um pequeno instante platônico que o meu dever começa a ser feito e por que não um dia realizado?
Agora vem a tarefa mais árdua, arregaçar as mangas e colocar em prática, começando por um sorriso, segurando a mão de uma criança para atravessar a rua e a cada vez indo mais e mais longe, para um dia, ao deitar em minha cama poder refletir e chegar a conclusão, os meus sonhos saíram de dentro do meu travesseiro.