Sonhos Platônicos

domingo, abril 30, 2006

Retratos....




Um retrato na parede.Um sorriso apagado,o olhar vago distante.
lembranças, medo, angustia,solidao,passado,tristeza.


tempo.............................


o retrato foi substituido.Um sorriso timido vai se formando.um brilho no olhar.
Riso,alegria,leveza,sensibilidade,felicidade.
Vida.......

sábado, abril 29, 2006

Festa de Aniversário Parte I


Olhou pela janela entreaberta e lá fora viu o céu azul, límpido, sem nuvens e pela primeira vez ousou imaginar viver algo além daquilo que conhecia. Aquela era a única entrada para a luz (vida?) do mundo e o contraste entre essa luz e a escuridão que banhava o quarto onde estava era um retrato perfeito daquilo em que se resumia sua vida: Fora sempre personagem secundária, nunca assumira qualquer papel significativo, sendo obrigada a tornar-se espectadora de sua própria história. A felicidade a que assistia pela janela permanecera sempre lá fora e a luz do dia não fazia parte da sua realidade.

Era seu aniversário e essa data lhe enchia de desânimo. Estava sozinha e, como sempre, era assim que comemoraria o dia de seu nascimento. Um misto de tristeza, desesperança e revolta tomava-lhe conta, mas nada conseguia fazer que pudesse amenizar-lhe um pouco a dor de sentir-se esquecida. Sentada na beira da cama, baixou os olhos em direção às mãos estendidas sobre as pernas e o que sentiu quando as viu ali sozinhas, calejadas pela falta de carinho, atingiu-lhe o peito com uma forte estocada: Nunca tivera outras mãos nas suas. Na sua cabeça, nunca houvera a necessidade, sempre convivera bem com a solidão, mas agora o coração lhe cobrava os anos de indiferença de uma só vez. Pela primeira vez percebeu-se só, suas mãos vazias lhe mostravam isso e, sem entender direito o que acontecia, sentiu no rosto o calor úmido das lágrimas que a muito vinham sendo guardadas, esperando aquele momento para se libertarem de sua prisão de esquecimento.

Não conseguiu se controlar. As mãos tremiam. Os lábios tremiam. O corpo inteiro tremia, num desespero insano de furacões. Não teve mais pudor. Não queria mais guardar para si aquilo que a tantos anos atormentava-lhe a alma. Chorou. Chorou lágrimas que ser humano algum jamais havia chorado e a dor contida nelas era tão grande, que o mundo inteiro se enterneceu. O sol escondeu sua dor atrás de nuvens acinzentadas de chuva, o céu escureceu-se e derramou seu pranto na forma de grossas lágrimas de tempestade. A calamidade se espalhou por toda a terra.

As pessoas ignoram que o maior alimento para as tristezas do mundo é a indiferença. É preciso dizer que se ama. Mostrar que se ama. Provar que se ama. Nossos sentimentos de apreço nunca devem ficar guardados dentro de nós, porque nunca sabemos quando e o quanto alguém que amamos precisa receber isso de nós. Somos seres deficientes, necessitados de atenção. As maiores calamidades de nossa história são causadas por corações partidos.

Não é necessário muito para se curar um coração que chora. Um gesto simples pode dar conta do recado. No caso desse coração que estamos a conhecer, a cura poderia vir por meio de um simples telefonema, por exemplo. Um telefonema de alguém inserido na história de forma deliberada e repentina, especialmente criado para essa função. Como quem conta tem sempre o direito e o poder para mudar a sorte dos personagens quando bem lhe entender, reservo-me a vontade de mudar a história de forma sutil e no entanto decisiva, sob o pretexto acredito incondenável de se trazer um pouco de preenchimento a uma vida que se encontra vazia. Se é o amor o melhor remédio, quero usar o meu poder de criador para receitar e aplicar nessa pobre alma preta-e-branca, uma dose que a pinte de arco-íris. Sendo assim:

O telefone tocou. Ela parou. Achou estranho. Isso não acontecia com freqüência. O aparelho era uma simples peça de decoração sobre o criado mudo do quarto. Pensou em não atender. Seria mais um engano ou talvez alguém tentando lhe vender algo. Cansara-se de ter ilusões com relação às pessoas que conhecia. Todas tinham seu número, mas nunca ninguém havia perdido alguns segundos do seu tempo com ela. O toque era insistente. Uma força estranha a fez levantar-se, ir até o aparelho e tirá-lo do gancho. Do outro lado da linha, de algum ponto distante o suficiente onde sua imaginação não conseguisse alcançar, uma voz masculina perguntou quem era. Ela respondeu hesitante e a voz pediu-lhe um segundo. Sua curiosidade daria até mesmo dois.

Um clique.

Um coro de vozes celestiais inundou o fone.

“Parabéns pra você...”

A canção lhe era conhecida apenas pela televisão e pelas vezes em que a tinha ouvido sendo cantada por vozes nos apartamentos vizinhos, quando inconscientemente sonhava com o dia em que seria seu nome aquele chamado ao final, acompanhado de palmas e risos de alegria.

Seu peito foi tomado por um sentimento dominador, sufocante, que crescia e parecia prestes a explodir. Suas lágrimas que só conheciam a existência por meio da tristeza secaram e os lábios crisparam-se de um modo que não faziam a muito tempo. Um sorriso. Seus olhos brilharam e a luz que deles se lançou, iluminou todo o quarto, banhando o preto-e-branco de cores impossíveis.

Não sabia, mas a felicidade lutava bravamente na difícil tarefa de instalar-se no desconhecido mundo que era aquele jovem coração ressequido, dando vida a seu espirito atrofiado. Sem perceber, cantou para si mesma as “muitas felicidades” e os “muitos anos de vida” da canção, num tom de voz até aquele dia desconhecido de ouvidos humanos.

O sol saiu.

Crianças brincavam na rua. Risos alegres ecoaram pelo mundo, entrando com ares de renovação pela janela entreaberta do quarto.

Mais um coração descobrira o doce sabor da felicidade.



ps.: Tô cada vez mais feliz pelo número de pessoas diferentes que têm entrado no blog e comentado os textos... Muito obrigado mesmo gente..
Abraços!!

quinta-feira, abril 27, 2006

Sonhos da Menina


A menina acorda, sonhou com tudo o que deseja. Lá encontrou a Felicidade e perguntou a ela se seria feliz, ela então bravamente disse
- Não te preocupes menina a felicidade te acompanha todos os dias, preste mais atenção. Deixe de lado o negro da tristeza e comece a ver que por onde você olha há a cor da alegria, os rastros são delicados e singelos, é necessário atenção e abrir as portas do coração. Menina deixe de sonhar dormindo e acorde para o sonho.
Isso ficou durante o dia inteiro no pensamento desse ser frágil e inquieto. As palavras de Dona Felicidade a perturbava. Não entendia como a alegria podia estar ali, sempre. A crinaça crescida não sabia como sobrevivia, não encontrava os porques das suas dúvidas, em sonho conseguia todas as respostas. A única coisa que ansiasa era dobrar uma esquina qualquer e ali encontrar as respostas concretas que figurariam na vida real, não mais naquela fáubla vivida em seus mais belos e ternos devaneios....

terça-feira, abril 25, 2006

Lágrimas de um coração sofrido


Onde está a saudade?

Sinto que um pedaço de mim não existe mais. Está em busca da solução de uma pendência, que esmaga o coração e põe a baixo à razão.
A razão que neste pequeno ser parece não existir, ás vezes teima em aparecer, no entanto a voz do coração sempre fala mais alto, deixando de lado a objetividade e a simplicidade, dando lugar à complexidade e emoção.

A porta bate, alguém quer entrar e em meio a lágrimas tento dar um passo, as pernas encontram-se travadas, nem um movimento, tanta dor, não obedecem mais o corpo,e assim baixinho, o som do bater vai sumindo, até não restar resquícios de que um dia houve um bater de porta.
As lágrimas não cessam, não adianta esforço. A impotência dessa pequena alma torna-se amargura. O medo de o coração endurecer acaba sendo o seu pior inimigo.

Sem armas para lutar, entrega-se ao sono.

Quem sabe em sonho, alcance a solução para a vida.

sexta-feira, abril 21, 2006

Felicidade


Esse é um texto que escrevi a algum tempo e econtrei recentemente perdido nos meus e-mails enviados. A verdade dele ainda está tão viva na minha vida que, após algumas modificações resolvi postar. Boa leitura!

“O que é a felicidade?” Essa talvez seja a pergunta mais importante de nossas vidas. Nada de “Existe vida em outros planetas?” ou “De onde viemos?”. Nada disso realmente importa. Um dos piores males da humanidade é querer sempre se desviar do simples, buscando complicar cada vez mais as perguntas, na ilusão de que dessa forma as respostas trarão consigo algum sentido obscuro para sua existência. Será realmente que o sentido de nossa existência é algo tão difícil de se adivinhar? Será que há a necessidade de buscar cada vez mais fundo por essa resposta ou será que de tão simples, muitas vezes simplesmente não queremos acreditar?
Eu, eterno otimista que sou, prefiro acreditar na segunda opção. Teimo que a resposta é bastante simples: O sentido da existência do ser humano é ser feliz. Foi esse o principal motivo pelo qual Deus nos colocou no mundo. Para sermos felizes com Ele da mesma forma que Ele é feliz conosco. Motivos para tal temos muitos, o difícil é identificá-los. E é portanto daí que vem a minha pergunta lá do começo, aquela para a qual dei tanta importância e que talvez agora, espero, você comece a dar também: “O que é a felicidade?”.
Tudo bem, talvez essa não seja a pergunta correta. Talvez ela fique melhor assim: “O que é a felicidade pra você?” A felicidade é simples mas exige atenção. Você tem que conhecer se quiser sentir e é por isso que ser feliz é provavelmente o maior sonho do ser humano. Se ele conhecesse o verdadeiro significado dessa palavra ou, melhor dizendo, o significado que ela assume em sua realidade individual, veria o quão fácil é ser feliz e, dessa forma, passaria a sonhar mais alto.
Tenho certeza que agora devo ter ofendido muita gente. “Como assim: ‘veria o quão fácil é ser feliz?’, Desde quando ser feliz é fácil?” Pois eu digo, repito e insisto: Ser feliz é muito mais fácil do que todos nós pensamos. Perceba antes de tudo que usei o pronome “nós”, justamente para salientar que eu também estou incluso. Tenho plena consciência de que não sou melhor que ninguém. Estou aqui apenas partilhando uma coisa que pensei e que acredito, faz bastante sentido.
A verdade é que venho pensado muito no que realmente é a felicidade pra mim. No começo, não tenho vergonha de dizer, a resposta era automática e provavelmente a mesma de muitos: Dinheiro. “Se eu fosse rico e tivesse dinheiro pra fazer tudo aquilo que tenho vontade de fazer, aí sim seria feliz.” Talvez isso fosse verdade pra mim, e talvez o seja pra você nesse momento, mas depois de refletir bastante descobri que não é mais assim. Minha felicidade e provavelmente a sua também, está intimamente ligada à realização dos meus sonhos, mas, e aí vem a grande descoberta, não só a isso. Não é necessário que todos os meus sonhos se realizem para que eu seja, finalmente, feliz. Esse pensamento me fez encarar a vida de uma forma bem diferente de até então. Finalmente percebi como é simples a felicidade e como é fácil ser feliz.
Analisando com cuidado, encontrei tantos sinônimos para essa palavra que hoje percebo que o difícil é não ser feliz. Me envergonho por estar sendo tão clichê, mas precisamos aprender a encontrar a felicidade nas coisas mais pequenas, e só assim perceberemos o quão grande e importantes elas na verdade são.
Pense bem. O que é a felicidade pra você?
Pra mim..
Tanta coisa...


Abraços a todos!!! ps.: Espero respostas nos coments...

sexta-feira, abril 14, 2006

A Flor...


Bom, esse aí é um sonho que andei pensando nos últimos dias. Fazia um tempo já que não postava nada. Estava com saudades. Espero que gostem...

Acordei bem cedo, inquieto. Saí pra rua buscando orientação. Andei sem destino por ruas e vielas conhecidas com meus olhos vendo o desconhecido. Não entendia o que me estava acontecendo. Percebia coisas que até então passavam-me desapercebidas. Não me lembrava de nada daquilo. A peça era a mesma, mas os atores, seus figurinos, suas falas, não eram. Algo havia mudado neles. Mas o que? Não sabia, não entendia. Andei por horas assim, sabendo onde estava, mas estranhando o jeito como o mundo se mostrava a meus olhos. Faltava esperança, cor.

Vi num farol um pobre menino pedindo dinheiro, quando deveria na verdade estar longe dali, brincando e correndo em direção a um futuro vivo. Na calçada ao meu lado, um homem jazia deitado. Inconsciente, sonhava sonhos afogados em um oceano de álcool, povoado por monstros mitológicos que engoliam os restos de sua dignidade. Onde estava o sonho? Onde estava aquele doce aroma de liberdade que o vento costumava soprar no meu rosto?

Eu procurava, mas a resposta não achava. No rosto da velha senhora vi apenas desilusão pelas batalhas perdidas no decorrer de uma vida povoada lutas. Vi armas de fogo queimando vidas inocentes que choravam misericórdia.
Súbito descobri o que ocorria. A verdade atropelou-me tal qual um trem desgovernado, me despedaçando. Percebi que estivera cego. Não física, mas espiritualmente. Meus olhos físicos enxergavam perfeitamente, eram os olhos do coração e da mente que estavam cegos. Cegos para a realidade que em desespero dançava à minha frente. O mundo chorava diante de mim implorando por carinho, por atenção. E é assim que ele faz todos os dias. As pessoas não percebem, não ouvem o clamor, ocupadas que estão com seus próprios problemas. Esquecem-se que o mal é sempre coletivo.

Decidi que era preciso dar atenção ao nosso lar, às pessoas que habitam nele, perceber suas lágrimas, mostrar-lhes que me importava e que estava curado de antiga indiferença.
Olhei em volta e encontrei o que procurava. Entrei na loja e num impulso comprei uma flor para dar ao mundo. Era linda minha flor. Em suas pétalas rosadas escrevi versos cheios de esperanças que guardava escondidos bem fundo em meu coração. Em seu perfume camuflei o doce aroma de liberdade dos ventos que dançam entre os troncos das árvores do campo. Em seu caule, forjei a sustentação que protege e dá forças para suportar as fortes tempestades de desilusão que destroem vidas, arrancando-lhes a vontade de viver. Em suas folhas, salpiquei o fresco orvalho da madrugada para aliviar as dores das perdas, dando coragem para se levantar e da luta não desistir jamais. Finalmente, em seus espinhos escondi a mais poderosa de todas as armas contra o predador da violência e da ignorância: A palavra.

Sai da floricultura com meu pacote em mãos. Ansioso, queria encontrar um lugar bem alto onde pudesse entregar ao vento a flor que daria ao mundo para que ele, o vento, a levasse ao seu destinatário. Encontrei meu lugar perfeito no terraço do prédio mais alto da cidade. Enquanto subia as escadas, imaginava como seria recebido o meu presente. Como aquele à quem destinava singela prova de afeição, de carinho, reagiria. Queria que ele entendesse que meu gesto mostrava que ali encontrava-se um alguém que se importava, que tinha sonhos e que estes não incluíam apenas o próprio bem estar, mas o bem estar do todo também.

Cheguei ao meu destino. Com o coração aos berros, como que desejando escapar de dentro do peito, dirigi-me vagarosamente à beira da amurada. O vento, meu mensageiro, cortou-me o corpo inteiro viajando rápido, na pressa de chegar ao fim das coisas. Segurei a flor alto sobre a cabeça e, após uma pequena prece, larguei-a. Em segundos vi-a alçar vôo rumo ao horizonte, perder-se no infinito, voando segura nos braços daquele a quem confiei a entrega.

Não sei se o mundo recebeu meu presente. Não sei qual foi sua reação. Hoje, ao andar pelas ruas, ainda vejo as mesmas coisas que vi aquele dia. As mesmas injustiças, a mesma falta de esperança. Tenho consciência de que eu sozinho não posso mudar um mundo inteiro, não está em minhas mãos esse poder. O mal é sempre coletivo e dessa forma, o bem também deve ser. No entanto, ao descer as escadas do prédio de volta à minha vida e à realidade, me senti realizado, pois descobri que é nos simples gestos individuais que se esconde o caminho para a solução, para a cura. Um ato de carinho, por mais humilde que seja, jamais será perdido ou esquecido e é a sua lembrança que poderá um dia encher de luz a escuridão que encontramos nas ruas e vielas do mundo.

Basta começar...



Abraços a todos!!!

quarta-feira, abril 12, 2006

Sonhos


Escrever sobre amor? Uma cabeça boa e um coração abatido. Não nada de amor.

Escrever sobre felicidade? È ultimamente ela passa e dá bom dia, nada alem disso.

Saudosos tempos onde a felicidade estava naquele baú guardada com tantos brinquedos.

Mais palavras jogadas, no fundo elas tem sentido. Porque não escrever sobre os sonhos? Não o pãozinho recheado das confeitarias, apesar de ser muito mais fácil de buscar.

Sonhos. Ando com vários deles nos bolsos, às vezes eu acabo perdendo, acho que foi no ônibus algum batedor de sonhos me furtou. Quer comprar meus sonhos? Não estão à venda. O preço deles só eu posso pagar. Realização.Essa é a moeda corrente no mundo dos sonhadores.Um ponto final em cada olhar, notas desafinadas em sorrisos mecânicos, não há mais poesia por trás das palavras. Os sonhos estão cada vez mais distantes.O olhar deve ser um caminho sem ponto final.Basta deixar os sonhos saírem do travesseiro.È isso. È apenas isso.

sábado, abril 08, 2006

Algo a mais

Lhe amar é algo que não sinto mais

Apenas, você é, e está dentro de mim

Não é mais uma pessoa que amo muito

É simplesmente eu dentro de mim



Mas se fosse para te amar, o que não faço

Lhe digo em verdade que ninguém amou assim

Que nunca houve amor mais sadio e doentio

Que jamais haverá outra em meus dias loucos



Sempre te amei, durante e mais do que tudo

Mais que um Rei amou o seu povo brilhante

Mais do que um Papa amou a Deus, oh, perdão

Mais que eu já amei a mim como um todo inteiro



Amor, mais que amor, sê minha sempre

Serei seu até que me diga para ser seu

É minha, você, Camila, deusa de meus sonhos

Santa e Rinha de meu mundo, meu ser


Nunca poupa-me de te amar, deixa te amar

Sempre seja comigo, porque eu com você serei

E te amaria assim se te amasse, meu amor

Mas não te amo, você apenas me enche e é tudo pra mim

quarta-feira, abril 05, 2006

Adeus

Nada ficou no lugar. Tudo parece desaparecer. Junto com as memórias, a saudade. O vazio interno é imenso. Procuro fôlego pra respirar. Nada encontro, Lágrimas rolam. Sem forças, soluços. Mãos tremulas a discar um número

Alô?

Não, não é verdade. Nada do outro lado da linha
Queira deixar sua mensagem.

Adeus.

sábado, abril 01, 2006

Segundos..


Meia noite de ontem,
Zero hora de hoje.
Um segundo separa o que é hoje,
Do que foi ontem.

O que sou agora,
Do que era antes.
Que enorme poder é esse

Escondido nos milésimos de um segundo?

Transforma o sonho de agora,
Que no antes era nada,

No esquecimento do depois.
Mantém a tristeza da meia noite,

Sob o quente sol do meio dia.
Porque não torna o querer do hoje

No ter do amanhã?
Ou ainda o pensar você da meia noite

No sonhar você da zero hora

E ver você do meio dia?

Sob o teu sol não há tristeza.

Só você, eu

E meu coração

Contando segundos.

Feliz.

Coisas essenciais para viver

Esta noite sonhei com um monte de coisas essenciais. Este dia sonhei comigo fazendo estas coisas sem planeja-las e sem quere-las, mas ao mesmo tempo querendo-as. Fico aí sentado na cadeira a escrever sobre o que desconheço e fazendo estas coisas sem saber que faço. Escrever é. E não escrevo para alguém como você leitor apressado, mas sim para suprir todas aquelas coisas essenciais, mas que vem a faltar em minha pobre mesa de madeira velha e roída pela minha própria vida sem esperança, mas que amo assim mesmo.
Coisas essenciais; as necessito mesmo? Quando abri o meu livro, Fernando Pessoa me disse: “Leve, leve, muito leve/Um vento muito leve passa/E vai-se, sempre muito leve. /E eu não sei o que penso/Nem procuro sabê-lo”. Minha vida seria assim se não fosse pelo essencial. Mas ainda sinto que há aquela mínima animação selvagem que me faz viver para conhecer o amanhã. Mas seria eu tão leve? Acredito que sim, não porque nasci acreditando, mas porque quero acreditar; seria tão leve que se passasse pelo meu lado, minha vida, nem eu mesmo a viria. Mas me diga o que disse Pessoa a você quando abriu por esta manhã o livro de sua vida complicada? Ele sempre tem algo a dizer, é só perguntar e você saberá. Estes homens do papel falam e tem tanto a lhe contar que você ficaria assustado sobre o quanto eles te conhecem e te entendem. Mas eu acabo te entendendo também. Perguntar da vida a um papel… Mas na verdade nada se aprende só; seria hipocrisia tentar aprender a viver; viver é assim, tudo te ensina, você nunca vai aprender. Se aprendesse não estaria danado como se encontra, sempre existe aquele algo que atrapalha sua vida. Ninguém é o lustre do sorriso do lábio. Não escrevo palavras para manter-me, escrevo para que elas me ensinem apenas como acabar a próxima hora de vida; se vivesse a escrever todo momento seria eu quase perfeito, não assim, um eu qualquer para mim.
Conte a mim e eu tentarei lhe explicar. Eu lhe conto um tudo e você me diz: vale a pena viver?Aprenda sozinho a lutar sua vida, e no final dela você pode vir e me dizer se valeu.