Sonhos Platônicos

terça-feira, outubro 31, 2006

O Mar


Viajar nas nuvens e nos mares
Me encantar com as ondas, com o vai e vem
Prestar atenção nos bichos voadores
Ora passarinhos a caçar peixinhos ao mar
Ora insetinhos estranhos e encantadores a voar
Borboletear...
Saltitar nos sonhos mais belos
Nos perfumes ainda não sentidos

Ahh, respirar aquele ar tão mágico
mesclando a maresia com as idéias que povoam os pensamentos
Trazendo lembranças, cheiros indescritíveis...
Mostrando que o amanhã pode ser bem melhor

Acordar com aquele sol a raiar, a dourar a pele um tanto de porcelana
Outro tanto de barro
Barro que pessoas não valorizam, mas que é a matéria prima mais sábia
Porcelana delicada, barro forte
Cristal a cintilar ternura

Mostrar suas cores...
Quantas cores, intermináveis

O sol, o mar, borboletas e insetinhos
Passarinhos e nuvens
Ondas que trarão alguma novidade
Num barquinho, no ventinho
Na conchinha encantada ou apenas no olhar...

sábado, outubro 21, 2006

Piscar de Olhos...


Os olhos piscam: Garoa fina. Gelada. Estou sentado no gramado de um parque vazio, deserto: Só, com meus pensamentos em você. No céu, um cinza claro encobre o azul e, na pele, a garoa fria mascara um calor que me percorre as veias. Meu coração queima de desejo, de saudade, de revolta. De raiva contra mim mesmo e minhas atitudes impensadas, mal pensadas. O desejo, é aquele de voltar, reviver agora o momento do sim e do não e agarrar o primeiro. Dizer sim com o brilho nos olhos e a certeza no coração. Não importa o que, não importa como. Nem o depois. Confusão. Indecisão. Insegurança. Pensei que sim e minha boca disse não. Os olhos que me pediam o contrário desviaram-se dos meus, sem jeito. Olhei para longe me perguntando: Por que não? A música toca sufocando respostas. Os olhos piscam. Estou só de novo. Sempre só, no mesmo lugar de sempre: Dentro de sonhos, fantasias. Volto pra casa pensando na resposta. Imagino dias coloridos, azuis e vermelhos. Misturo tudo e descubro que felicidade não se soletra, não se imagina. Fala-se e vive-se. Felicidade é decisão. O grande desafio da vida é decidir-se verdadeiramente por ser feliz. Paro, escuto. Silêncio. Longe, bem longe, eu ouço: Uma voz. Perto. Fantasio mãos e cabelos, corações que batem apressados, contando segundos: atropelando minutos. Horas que nunca passam. Tempo que não se repete, apenas é e continua. Pra sempre. Os olhos piscam e a garoa penetra fria, punhal no cerne da alma. Sentado no gramado úmido vejo mãos dadas. As palavras são doces, açucaradas de sorrisos e promessas. O passeio é longo: páginas de livros, cenas de filmes, letras de músicas. Acordes de violão que cantam nomes interligados por pestanas de sol. Eu e você. Minhas palavras são desconexas, ofuscadas pelo sorriso que escondo atrás de cada uma delas. Rosto pintado em letras de forma. Minhas letras, meu alfabeto. Você de A a Z. Os olhos piscam. O parque está cheio. Pessoas ao redor escutam, compenetradas. A orquestra no palco toca. O céu cinzento despeja sobre todos uma garoa fina, gelada. Ninguém se move. Escutam apenas. A batuta que rege o espetáculo é instrumento de feiticeiro. Gesticulam sons, descortinam viagens. Os olhos piscam.

sábado, outubro 14, 2006

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Ternos medos

Os minutos passam, as horas voam. O tique taque do relógio faz com que o jogue contra a parede. Está envolta num abismo de sonhos e pensamentos, sente-se perdida no oceano sem saber para onde os ventos a levarão.

Fica remexendo no passado próximo, vivendo das mais ternas lembranças e tentando decifrar o motivo para o seu vazio. Olha para o passado, para as brigas que tivera com as amigas, os desentendimentos que deixaram como marca anos de silêncio com os seus irmãos, as noites de choros bolando o plano perfeito para a sua morte quando ainda era criança. Com um doce e angustiado sorriso lembrara dos seus amores platônicos, dos nunca correspondidos, sofrera tanto quando desabrochara para o amor, o tapa dado na cara do menino que sentiu pela primeira vez a paixão, o sentimento triste das promessas feitas por ela mesma para ela. Não se envolveria com ninguém até completar dezesseis anos, o estudo e as responsabilidades sempre em primeiro lugar, o que ninguém sabia, o verdadeiro motivo da promessa, medo. O medo a perseguira desde pequenina, sempre estivera com medo da mãe, do pai, dos irmãos, medo do seu futuro, não corresponder os ideais da mãe, não cumprir com o desafio dos irmãos e o pior não ser o que ela mesma sonhara. Ser um desastre ela pensava e ainda pensa. Com o sentimento trancado, amava escondido, sentia as borboletas no estômago e não passava disso, fizera dezesseis anos, estava livre da sua promessa, podia agora amar.
Sentia um carinho especial por um jovem, alguns anos mais velho que ela, estudavam no mesmo colégio, nunca irá se esquecer do primeiro dia de aula que entrara na porta e ele saia, sentiu naquele momento algo diferente, como se ele estivesse iluminado por uma luz amarela e a partir de então o sentimento começou a crescer. Durante nove meses gostou dele escondida, sem ninguém saber, sem ele saber que ela existia. Depois de três anos gostando do rapaz, num momento que estava decidida a esquecer dele, após ter passado na faculdade mesmo ainda cursando o último ano do colegial, saíram como amigos e o beijo, o primeiro beijo da donzela aconteceu. Depois disso não falara mais com ele, entrou numa imensa tristeza e começou a se definhar, começou a faculdade, parou, ficou tempos sem estudar e então voltou. Apaixonada novamente por um outro ser que na verdade só sabia brincar com a cara dela, entregou-se aos estudos, continuava com os mesmos medos com alguns outros acrescidos ao longo dos anos. Era dedicada, amiga. Sempre com um sorriso no rosto e disposta a resolver os problemas do mundo, mas trancada em seu quarto ninguém percebia que ela também os possuía, não se incomodava com o fato das pessoas não enxergarem ela como um ser humano normal, gostava muito do fato das pessoas confiarem nela e enxergarem como uma amiga para todos os momentos, sempre sorrindo e saltitando.
Até que depois de se formar, sem pensar nem querer se apaixonar, algo acontece e ela se encanta pela pessoa que mais era o seu amigo, por aquele que achava brega, mas que sempre ouvira os seus sonhos, saiam juntos, riam juntos, brigavam. Ela com o seu charme e sua vontade de tornar aquele sentimento algo real não poupava nada para demonstrar o seu afeto. Nada aconteceu, perdera o amigo. Se fechara num mundo distante, longínquo trancada na torre mais alta do castelo que criara. Tentou viver a sua vida, descobrindo coisas que nem sabia que existia, muitos amigos cultivados na última década viraram as costas para ela, não conseguiam enxergar o profundo sofrimento e o acúmulo de tristezas nos olhos castanhos e sinceros. Foi descobrindo novas pessoas, novos lugares e novos sentimentos, em meses tivera feito amizades profundas, onde as pessoas conheciam ela por ela, não pelos seus dotes ou suas façanhas, mas ela.

Só que ela mesmo com pessoas novas continuava a sentir o peso, o vazio, o abismo que existia entre o mundo real e o dos sonhos, sabia que era um fracasso para mãe e um estorvo carinhoso para o pai. O que acreditava nela era seu irmão mais novo, eram como gato e rato, brigavam a todo o segundo mais sabia que um era o porto seguro do outro. Fora presenteada pelos irmãos com quatro belas crianças e ouvia de todos que havia ficado para titia, não sabiam eles como aquela chacota doía nas mais profundas entranhas do seu ser, não sabia as marcas que aquilo deixava a cada dia que se passava. Eles e a vontade de não se decepcionar eram o seu motivo de viver, sonhava com presentes belos para eles, com viagens, escolas, mas a única coisa que podia dar era carinho. Resolvera voltar a estudar, fazer o bem para o próximo, estava cansada de proporcionar com o seu trabalho coisas bonitas, caras e gostosas para as pessoas mais ricas da sociedade, enquanto via crianças na rua mendigando um prato de comida e um pouco de atenção. Seus olhos agora enxergavam coisas que nem mesmo ela se tocava que existia, por mais que fosse uma pessoa boa, durante muito tempo vivera presa nas suas agonias e nas dos mais próximos e se esquecera que o mundo era e é muito maior.

Fora cultivando as amizades novas, regando a cada dia com palavras e gestos de carinho. Cada dia a mais o vazio a atormentava, remexia-se na cama, tomava banhos demorados viajando nas suas mais malucas teorias. Saia pela cidade olhando o azul do céu e o branco das nuvens, vendo os semblantes de estranhos e se entristecendo com a realidade que a atormentava. Sentia-se cada vez mais impotente e os medos já eram seus pesadelos que lutava para não tomarem conta da sua vida.

Um dia, quando menos esperava algo de diferente aconteceu. Com palavras que saltaram da sua boca do jeito mais simples e verdadeiro, sem saber das conseqüências que aquilo iria lhe causar, falou sem pensar.

Hoje ela lembra com carinho, tensão, raiva, medo de tudo e de todos.

Questiona-se: - Onde foi que eu errei?
Qual escolha fora tomada erroneamente, num impulso egoísta de pensamento, mas só consegue sufocar-se em meio as lágrimas.

Recorda-se da imagem do rosto que a fizera pensar nesses momentos, está um tanto nublada no seu muno de relíquias sentimentais. Sente o vento soprando, não quer mudar de lugar, não quer encontrar um porto para ancorar seu barquinho, nem mesmo encontrar alguém que suportasse dividir com ela suas angústias e seus temores.
A campainha toca, acorda ensopada por suas lágrimas e amargurada pelos seus devaneios. Recebe um carta e abre.

Somos apenas estranhos num mundo de conhecidos.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Breve História de Amor

Quero escrever uma história de amor. Não uma canção. Canções existem em compassos musicais e estes, não são suficientes pra conter a beleza do amor. A sutileza do olhar, do encontro. As primeiras palavras trocadas ao acaso, desde já carregadas de emoção, porém contidas, envergonhadas. O primeiro contato, a mão que acaricia o cabelo, o sorriso que acaricia o coração. A canção esconde, em meio a harmonias musicais, a desarmonia prazerosa do suspiro apaixonado, das lembranças cheias de cor, cheias de um sim, um não, talvez. Talvez. A incerteza. Na minha história as incertezas são singulares e as certezas plurais. Ele sabe, desde que a viu pela primeira vez sentada no banquinho isolado da praça, que dela seria para sempre. Ela o viu um momento depois, e nesse preciso instante foi atropelada pela certeza que dele seria hoje, amanhã e depois. Uma canção jamais contaria os detalhes e é aí que ela perde sua força. A beleza do amor se esconde nos detalhes, nos momentos mais insignificantes, nas imperceptíveis notas de roda pé que o coração insere no fim da página. É lá que o “felizes para sempre” tem seu sentido, seu lado real. É lá que o conto de fadas vira História de amor, com um H maiúsculo cheio de força, vontade de acontecer. A canção é ouvida, dançada. A história é vivida, contada. Cada boca que conta a história lhe dá sentido novo, magia nova, fantástica, que tenta em vão traduzir a linguagem indecifrável do amor. A canção de amor é sempre canção, somente canção e eternamente o será. Ela não muda, resiste ao tempo. A canção é eterna. A história termina. Sim termina. Minha história de amor tem final, porém esse é feliz. Se o final eu já sei, o começo... É agora, nesse momento, quando do banco isolado da praça você olha pra mim e a minha certeza une-se à sua certeza e o encontro... É pra toda vida.



Não consigo guardar histórias na manga... Elas saem voando...

domingo, outubro 08, 2006

Sobre-Vida

“Hoje pode ser o último dia da sua vida!”

Ele não sabe, nunca poderia saber. Às mentes humanas ainda não foi dado verdadeiramente o poder de prever o que está por vir. Será algum dia? Talvez. Driblar o acaso ou destino talvez não seja tão interessante quanto se submeter a eles. É com esses pensamentos na cabeça que ele sai da casa hoje, fones de ouvido ligados, desafiando o que está por vir.

O caminho que percorre, a pé, é conhecido. Ele o faz sem pensar, sem refletir. A música embala seus passos, mas ele também não lhe dá muita atenção. Sua mente repassa as palavras ouvidas de manhã que o despertaram do sono, acordando-o para o dia. O locutor da rádio dizia: “Hoje pode ser o último dia da sua vida!”. As palvras martelavam sua cabeça, indo e voltando, misturando-se ousadas em seus pensamentos. As mensagens as vezes são difíceis de entender.

Ele está parado no farol agora. Os carros passam velozes num tráfego ininterrupto. Ao redor, a cidade pulsa. Se parar fosse possível, sentiríamos o calor da sua respiração. No fone de ouvido a música não pára. Olha do outro lado da avenida as pessoas que, como ele, esperam ansiosas o farol fechar para poder atravessar. Confere o relógio. Está atrasado, mas ele não liga. Hoje só pensa na frase que o despertou.

O farol fecha. Os carros param. As pessoas começam a atravessar apressadas. Ele segue o fluxo. Na outra calçada uma pequena confusão chama-lhe a atenção. Uma pessoa encontra-se parada. Ele se aproxima e pode ver agora que o velho senhor tem o olhar perdido. Intrigado, tenta seguir-lhe o olhar mas não vê nada de especial. Os olhos daquele homem parecem enchergar o infinito.

Ele alcança a calçada. O velho senhor encontra-se parado à sua frente. Caminha calmamente, no ritmo da bossa e exatamente no momento em que passa ao lado do homem inerte, uma súbita decisão o faz parar. Virando-se ele pergunta:

- Senhor, está tudo bem?

O homem pisca. Uma reação.

- Senhor?

- Oi... O que?

O velho senhor parece haver acordado de um sonho.

- O senhor está bem?

Os olhos se encontram e ele sente o peso dos anos que estes viram passar. Um brilho húmido denuncia emoções fortíssimas e um coração tomado por violentas tormentas.

- Sim... Estou sim... Me desculpe. Eu estava aqui esperando o farol fechar e, de repente...

Parou, como que buscando as palavras corretas. Ou a coragem.

- Senti um vazio tão grande no peito... Não sei o que aconteceu comigo, mas eu pensei: “Estou aqui parado nesse farol, a poucos metros do trabalho, e se morresse agora, nesse exato momento, que sentido teria tido a minha vida? Que histórias minha família, meus amigos, contariam de mim?” Não sei mas a resposta me pareceu tão difícil.

Olhando para o velho senhor ele pensa que hoje sabe exatamente sobre o que ele está falando.

- Eu acho que entendo o que o senhor está dizendo.

- Verdade? Pois então entenda isso: Não deixe que a vida te atropele e você acabe se esquecendo daquilo que realmente importa. Hoje poderia ser o último dia da sua vida e me diga: O que você fez com ela?

O senhor o olha por um segundo. Um olhar profundo, que lhe fala à alma. Ele entende. Um sorriso brota nos velhos olhos cheios de força.

- Adeus.

- Obrigado.

Eles se despedem e partem, cada um em direção ao seu destino. Ele caminha calmamente, ao som da bossa. Olha para trás e o senhor desapareceu, misturado à multidão de pessoas que caminham apressadas, desafiando o que está por vir. Ele pensa na resposta à pergunta: “O que você fez com ela?” Apressa o passo, em direção à resposta.


ABRAÇOS!!!!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Sapatos Coloridos


Ela anda na rua e ninguém a nota. Vai passando em todos os lugares, o intinerário é sempre o mesmo e nem sequer um bom dia ela recebe.
Anda cabisbaixa, sem um sorriso no rosto. Procura por passadas conhecidas, sapatos que há meses observa, mas hoje, justamente hoje não os encontra.

Ficou semanas se encorajando para dirigir um olá ao dono dos sapatos coloridos, olhava no espelho e treinava. Durante quinze dias fazendo as mesmas coisas e no dia da coragem, aqueles sapatos não cruzaram o seu caminho.

Não sabia o que fazer, por obervá-lo, sabia direitinho o andar que trabalhava, até já havia pegado o mesmo elevador que ele, mas nunca sequer uma olhada, uma piscada. Sempre ali, quietinha no seu mundo, nos seus pensamentos envergonhados e sofridos.

Mas no dia anterior tinha se decido, iria falar com o rapaz, procurou no andar dele e nada, esperou na saída e também nenhum sinal de vida. Não entendia o motivo da sua falta, nem sequer compreendia a afeição sentida. Só conhecia o formato do seu rosto, as cores dos seus sapatos e o vazio que sentia ao cruzar o caminho dele.

O mesmo se repetiu por semanas, não cruzava mais o seu caminho, não pegava mais o elevador, nem mesmo andava na mesma calçada. O coração dela começou a sentir um aperto, uma angústia, sentia bem dentro um grito estranho, não entendia o sentido da palavra gritada, só a dor.
Refletindo percebe que aqueles sapatos haviam criado um espécie de esperança, haviam trazido um rubor na sua face, sentimentos nunca antes sentidos. A espera do encontro era grande, mas entendia bem no fundo que era impossível, com o passar dos dias os seus pensamentos começaram a ficar cada vez mais tristes e envergonhados, a fala já não existia.
Trancava-se no mundinho escuro, imaginava o seu encontro, o seu olá, brincava com os pensamentos e nele até a entonação da voz sabia qual devia ser, imaginava o cruzamento dos seus sapatos com o dele, a cor da camisa, imaginava a voz, as palavras que da boca do outro saltariam direto para o seu coração.


Olha no relógio, meio-dia, decide não almoçar na lanchonete que fica no quarto andar e sim caminhar um pouco, lembra-se que dois quarteirões pra cima tem um bistrozinho bem confortável e resolve caminhar até lá, olha pela janela e vê que a primavera já chegou, um dia iluminado, o perfume das flores no ar. Pega e bolsa e dirige-se até lá.
Quando entra uma simpática garçonete se dirige a ela, mostra a mesa vazia e pronto, a acomoda. Janelas grandes que dão para um belo jardim, volta a refletir, deixa levar pra bem longe, os pensamentos mais singelos a tomam. Só volta em si quando ouve uma voz perguntando: Posso me sentar?
Ela parece reconhecer a doce e suave voz, olha para baixo e vê os sapatos coloridos.

Sem saber o que fazer, um largo e belo sorriso surge na face ruborizada...

O primeiro de muitos, o que daqui alguns minutos fará com que os sapatos coloridos se encante pela moça desligada....

Agora só o tempo poderá dizer o que irá acontecer, o tempo que antes era inimigo da menina cabisbaixa, passa a ser seu aliado. Resta agora ela aprender a lidar com a ansiedade e o medo. Cabe a ela viver!!

terça-feira, outubro 03, 2006



O mercador levou seus sonhos
Fora trocada por um punhado de café
Naquela mente tudo se passava, angústias, sonhos, medos, liberdade
A intensidade que vivia por minuto, no instante da troca desaparecera
Agora o que movia a sua vida era a incerteza
Os minutos corriam nas suas veias como um veneno
A dor a enlouquecia
A vontade de abraçar rostos conhecidos só aumentava a medida que aquele veneno se misturava com o seu sangue, grande tormento
O beijo que nunca houvera a faz derramar uma lágrima
Lembrança do rosto querido, da feição que movia horas de pensamentos
Da risada que a deixava encabulada, dos planos que tivera feito
O seu desejo maior é acordar desse pesadelo
Mal sabe ela que a sua nova rotina só está começando
Terá que aprender a viver sem vida, começará a olhar o dia sem um sorriso
Com o passar dos dias não enxergará mais a cor
Nem lembrará que isso um dia existiu

É só esperar...
Os seus mais belos sonhos agora estão escondidos num pequeno ser luminoso, na menor estrela do céu imenso

No lugar onde ninguém poderá encontrar, onde alma alguma poderá mudar o que esses sonhos viveram, o que esses sonhos sonharam
A estrela privilegiada por receber essas ilusões, agora brilha cada vez mais forte, mais intensa
Entende que existe um ser lá embaixo que agora sofre e sente falta da luz, do brilho
Começa a pensar em algum modo de livrar todo o sofrimento da pessoa que não possui mais o momento de sonhar
Pede para a lua transformá-la em um pedacinho de pedra, a estrelinha não se importa mais em brilhar o que ela quer é devolver a vida a alguém que possui sentimentos nobres dentro do coração.
Por sua vez a lua encantada com a atitude da estrela decide usar do seu verdadeiro poder, ao cair da noite descobre onde dorme o ser aflito, penetra no seu pensamento e devolve tudo o que estava contido no brilho exalado pelo astro luminoso, com um sussurro diz:
_ Corre pequena menina, corre...
Os seus sonhos te pertencem, as cores voltaram pra ti
Faça valer a pena sua nova vida!