domingo, abril 11, 2010
terça-feira, março 30, 2010
Poético, assim como a vida deve ser!
Enquanto simples pedaços de carne, alguns legumes crus e ervas aromáticas estão sendo preparados por habilidosas mãos dos que se aventuram entre panelas, forno e fogão, percebemos uma sinfonia de notas e cores a passear pelo melhor cômodo de uma casa, ali começa uma dança, e com o passar do tempo, no final se percebe que há bossa. Sempre, sempre, existe movimento!!!
Cozinhar é compartilhar! (nem que seja em seus pensamentos, onde ali tudo é possível)
Começa no momento em que se escolhe a receita a ser preparada, uma explosão de sentimentos desabrocham delicadamente durante o tempo em que se passa cozinhando o que foi elegido com muito carinho. Nesses momentos o ambiente é invadido por muitas emoções, aromas, recordações, desejos... Principalmente quando ir para cozinha se dá por existir um propósito como: agradar os amigos, homenagear a família, surpreender a pessoa amada...
É nesse momento, durante o preparo, onde quem cozinha, desprende num ato voluntário, os mais belos sentimentos, ali é depositado tudo o que há de melhor: sorrisos, carinho, amor...
O quebra cabeça das receitas se encaixam a partir do momento que começa a aventura. cada ingrediente com a sua importância é adcionado a panela no momento certo e com o tempo tudo começa a fazer sentido, a ser transformado.
A paciência, se torna então algo precioso, acredito eu que ela seja o mais importante. Porque tudo na cozinha demanda tempo, dedicação, cuidado. Que para mim são sinônimos de amor.
Entre um café da manhã, almoço ou jantar, ali caminha sem pretenção, a emoção!!!
Cozinhar é sentir, é emocionar, é compartilhar...
É poder num simples brigadeiro, arrarcar lindos sorrisos.
É poder acarinhar uma pessoa em um jantar...
É poder confortar com uma xícara de chá e biscoitinhos...
É se doar... É música e poesia!
terça-feira, março 23, 2010
Agradecer
quinta-feira, março 18, 2010
Ruído!
Algunos sonidos al su alrededor le parecen familiar, pero nada es como pensaba. No hay las mismas colores, tudo se cambio. Las canciones, que como un suspiro, la hacían sonreír, hoy nada hacen...
Para Nina, la puesta del sol, le trajo siempre una sonrisa timida. Hoy encúanto miraba el sol con su puesta, sus pensamientos revoltos viajaban para muy lejos. Tan lejos que ella no sabia mas donde encontrar una dirección. Se perdió en devaneios, los devaneios mas ternos que podrias tener. Ternos y dulces, como la própria Nina.
quarta-feira, julho 23, 2008
Inspiração
Há duas semanas reli alguns textos escritos por mim e pelos outro companheiros do blog, bateu uma saudade, um aperto e algumas muitas lágrimas rolaram pelo meu rosto, a vontade de escrever então cresceu, ficou bem grandinha a ponto de explodir, mas e a inspiração, cadê?
Conversando com uma amiga, Cristina Casagrande, sobre isso ela sugeriu que eu escrevesse sobre o fato de não conseguir escrever e aqui estou.
Os dias passam e eu fico matutando frases, pensando poesia e refletindo música, as horas vão fugindo e eu não consigo construir uma frase sequer. Ás vezes acredito que preciso de dias bastantes turbulentos e tristes, para quem sabe algo brotar.
Esses dias aparecem, apareceram e essas frases, contruções gramaticais, não surgiram... Restou somente a dúvida: O que aconteceu com essa cabeça pensante? Para onde foi a escritorazinha sonhadora que aqui morava???
Mais um enigma para contar história.
Enquanto isso, passo horas, momentos deliciosos e ricos, a desfrutar da companhia de um senhoriznho, bastante simpático e único, que descreveu de uma maneira cativante e curiosa o nosso sertão, senhouro Guimarães Rosa, em seu clássico, Grande Sertão Veredas. Tenho aprendido a degustar um livro, a ler cada frase com paciência, sem ter pressa para chegar ao fim.
Espero que ao final desse livro já tenha eu voltado a escrever frases soltas, desconexas e sonhadoras aqui nesse blog amigo.
domingo, outubro 21, 2007
Superficialidade
Ser normal para ela não era suficiente, não existia tristeza, muito menos profundidade.
Um dia, num diálogo sutil, perguntaram:
- Você já perguntou pra Loira se ela estábem???
Após instantes de reflexão, descobrira que nunca tinha feito essa pergunta a ninguém, nem a ela mesma.
Pode até ser mais fácil, ser simpática para todos, mas viver em estados de amizade nada profundos, não leva a nada. Rir de tudo e para todos, é falta de humanidade dentro de si. É falta de amor.
Ela virou a esquina, deixou escorrer uma lágrima e voltou a sorrir.
A Loira, para aqueles curiosos, sofre de perdas, de indecisões, mas infelizmente seus amigos não têm tempo para ouví-la, decifrá-la ou quem sabe dar abraços, apenas sorriem.
domingo, junho 24, 2007
Em algum lugar distante
Processo fudido de desconstrução. Um turbilhão de pensamentos ora desconexos, ora fazendo um sentido absurdo.
Muitas vezes não reconheço aquele que está do outro lado do espelho. Mil faces por trás daquele reflexo de um rosto cansado.
A cabeça não para, o corpo já não acompanha, mais uma noite mal dormida, inquietude, olhos abertos, o barulho do relógio é enlouquecedor.
O pensamento longe, bem longe, perdido no abraço apertado, naquele beijo apressado e na despedida.
Doce despedida...mais ainda sim, despedida.
Falta, falta alguma coisa.
A cabeça a mil, os olhos fechando.
E o pensamento longe.
Bem longe...
sexta-feira, junho 08, 2007
segunda-feira, abril 30, 2007
Incompleto...
Tivera na vida poucas desilusões que valessem à pena ser relembradas. Poucas vezes sentira-se mal de verdade por algum motivo externo a si mesmo. Poucas vezes sentira-se só, como que abandonado num mundo estranho. Não sabia dizer, caso perguntado, o significado concreto da palavra solidão. Lia livros, ouvia músicas. Assistia a filmes que falavam do amor, da saudade, da desilusão que é confiar e entregar-se a alguém. Achava tudo muito bonito, muito triste, mas não entendia o que aquilo significava realmente. Acreditava que na vida era dado ao homem escolher amar, ou não amar. Confiar ou não confiar. Entendia que, a partir do momento em que havia a escolha, havia também a certeza de que sofrer por alguém era uma mera questão de falta de tato. Falta de sabedoria.
Orgulhava-se de ser sábio, de ter o total controle sobre suas emoções. Sua vida lhe pertencia e a ele só. Jamais acordara à noite sentido a necessidade de alguém. Era inteiramente alto suficiente e sentia-se bem por isso. Tinha o coração forte como o aço e sorria frente ao espelho quando via em seus olhos a certeza de que jamais veria sua vida contada em uma telenovela, um livro, uma música qualquer. Não queria ser um exemplo. Queria ser único, diferente de tudo e todos.
A última vez que o vi, a alguns anos atrás, estávamos os dois sentados numa mesa de bar. Frente a frente, conversávamos banalidades e ele me falava, não sem certo brilho nos olhos, que se descobrira um homem completo por não ter a mínima vontade de ser algo além daquilo que aprendera a ser com o passar dos anos. Tinha-se em alta conta.
A certa altura da conversa me perguntou como estava, o que eu vinha fazendo da minha vida. Disse-lhe que estava bem, que a vida era ótima apesar dos desencontros que a povoavam. Ele riu. Sabia de que tipos de desencontros eu falava e isso, mais uma vez, só o fez ter ainda mais certeza de que estava certo. Contos de amor são para homens fracos, incompletos. Zombou de mim dizendo que um dia eu descobriria o quão idiota havia sido e que, então, seria tarde demais para qualquer tentativa de mudança. Eu me calei.
A conversa acabou aí. Ficamos ainda alguns minutos calados, olhando as pessoas que passavam ao redor: homens, mulheres, casais. As pessoas não entendiam que não se deve confiar uns nos outros. Não sabiam do mal que provém do coração e das peças que esse pedaço maldito de si mesmas pregava. Não conheciam o verdadeiro perigo por trás de um simples olhar delicado, uma palavra de carinho, um gesto de saudade. Amavam-se perigosamente.
Pagamos a conta, nos despedimos e saímos. Lembro-me de observá-lo enquanto ia embora: Um homem completo, forte, orgulhoso. Uma pedra de gelo em forma humana. Caminhei para casa me sentindo incompleto, fraco. Feliz.
domingo, abril 22, 2007
Conto da Separação..
O céu pintara-se de uma mistura de cores quentes enquanto se despediam. Ela não sabia quando o veria de novo e isso a afligia profundamente. Tratou de aproveitar cada segundo daquela despedida como se um encontro como aquele jamais acontecesse de novo. Reparou em tudo: No brilho dos olhos dele, o calor do seu corpo, o perfume que usava, o céu, as pessoas que passavam ao redor, os carros na rua, tudo enfim. Considerou seriamente a possibilidade de visitar aquele instante de novo, muitas vezes, quando num futuro talvez não muito distante um cientista louco qualquer encontrasse os caminhos secretos de voltar-se no tempo.
Terminados os carinhos de adeus e os gestos tristes de até logo, afastaram-se. Contando cinco passos exatos e já não resistindo mais, parou. Queria ser forte, mas o punhal que carregava no peito ameaçava entrar fundo, ferindo mortalmente um coração rendido de amor. Vagarosamente virou-se. Vinte passos à frente talvez, cercado por densa névoa, divisou seu ponto de luz que se ia. Esperou ali parada. Queria ver-lhe voltar-se para ela uma última vez. Sentir o calor aconchegante do seu sorriso. A luz apagou-se. Ele se foi. Nem deu-se conta do feixe úmido que cortou-lhe a face.
Momentos antes, não muito longe dali, uma cena semelhante acontecia: ele olhava nos olhos dela com carinho, mas sentia dentro de si que algo estava errado. Sentia-se violando alguma lei antiga ao tocar o seu rosto, beijar os seus lábios. Desejou subitamente entender de onde vinha esse sentimento e descobriu-se incapaz de responder a suas próprias dúvidas.
Despediu-se dela e tudo que conseguiu sentir ao vê-la virar-lhe as costas foi uma dor estranha no coração. Ficou parado vendo-a distanciar-se e desejou mirar seus olhos uma última vez. Teve a certeza de que em um dia, num futuro possivelmente muito próximo, sentiria um arrependimento avassalador quando dessa tarde se lembrasse. Pensou não ser capaz de dar um único passo numa direção que não fosse a dela.
Viu-a desaparecer em meio à multidão e só então virou-se. Cinco passos adiante a mão no bolso direito da calça alcançou o telefone celular. O primeiro número na memória era o dela e ele teve de segurar-se para não chamá-la. Sentia-se um idiota por já sentir saudade de sua voz. Com esforço tirou a mão do bolso. Não queria despir-se dessa forma.
Caminham agora pela mesma rua. Ela, fones de ouvido ligados pensa em quando veria seu amor de novo. Ele, olhos no chão, conta os passos que o afastavam daquela que era dona de seus mais íntimos pensamentos. Param os dois no mesmo ponto e pegam exatamente o mesmo ônibus, sentando-se lado a lado, no mesmo banco. Ele lê um livro. Ela ouve música. Sentem-se sós, engolindo juntos sem o saber, o gosto amargo de não se ter o que se deseja.
Ele desce um ponto depois dela. Põe os pés em casa e pensa que um dia talvez encontrará alguém como ele. Talvez na rua, num ponto de ônibus, talvez no banco ao lado. Ela, sentada no sofá, os olhos vazios na televisão, inevitavelmente, pensa o mesmo.
terça-feira, abril 17, 2007
O aniversário!!!
Olhou no armário, as vinte e quatro velas estavam ali guardadas esperando o relógio dar as 24 horas, assim seria o momento de colocá-las no bolo e levar até a porta do quarto do aniversariante, antes de bater com um isqueiro ou caixa de fósforo acender vela por vela, bater na porta e entrar.
Luzes apagadas, voz tranqüila, quem é???
Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida...
Assim a voz que carrega o bolo responde.
Tudo começa há vinte e quatro anos, em algum lugar de São Paulo no dia 18 de abril. No céu mais uma estrela nasce e na terra mais uma criança no mundo. Tudo faz sentido.
A noite linda com as estrelas mais que brilhantes e a lua bem redonda, toda gordinha. Na sua forma mais cheia, o show é todo para esse novo menino que chega a terra para trazer luz, vida, calma e sabedoria para aqueles que cruzarão sua vida.
A sua infância é graciosa, cheia de cores, sabores e travessuras...
A adolescência cheia de amigos, sementes de amizades e conhecidos, pensamentos povoados de sonhos (alguns possíveis outros um dia talvez).
Nessa época aí uma sementinha foi brotada, uma garota de sua sala um tanto falante, dentro do coraçãozinho dela fora plantada a semente da amizade cujo o nome era O Cover do Poeta e ali ficara adormecida por uns tempos...
Os anos se passaram, adquiriram amigos em comum e aquela sementinha, aos trancos e barrancos fora crescendo, crescendo, até formar uma plantinha bem bonitinha.
Esse amigos em comum foram essências para o crescimento, a Mery mocinha bem especial, daquelas maluquinhas, cheias de histórias engraçadas, foi o ingrediente principal, digamos que o adubo para a plantinha.
Juntos formavam um trio bem diferente, cada um com suas particularidades, qualidades e defeitos.
O Cover, rapaz estudioso, foi estudar engenharia no interior, o que também ajudou a crescer...
No fundo, bem no fundo, é difícil contar ou escrever sobre essa amizade.
O fato verdadeiro, é que esse menino é muito importante para a narradora da história.
É o amigo que chegou sem pedir licença para entrar, o critico que não tem medo de falar o que esta errado, o ombro que dá para chorar, o ser que apóia e acredita...
Enfim o AMIGO de verdade... Aquele que não se importa com sua conta bancária nem com as roupas que você está vestindo. Gosta é mesmo de estar ao lado seja pra dar aulas de matemática, ir no sacolão fazer compras de frutas para o Natal ou dar risadas e gritar no show do Los Hermanos...
Tem um ouvido bem paciente, pois olha que dessa dupla de amigas ele deve estar cansado de ouvir elas falarem sobre meninos, amores, paixões e suas encrencas.
Engenheiro trabalhador, expert em matemática, mas acreditem, quando digo que uma estrela no céu nasceu junto dele, para estar juntinho dele nas noites e para brilhar ali nas vitórias e nos dias não é de brincadeira.
Uma de suas paixões, a palavra, ler grandes escritores como Saramago, Garcia Márquez e Guimarães Rosa. Apaixonado por esses signos, essas letrinhas que juntas ajudam a gente se expressar, resolveu colocar no papel as histórias, pensamentos, poesias que vagueiam dentro de sua cabeça. Vale a pena conferir o modo que ele combina certas palavras, a forma que ele tempera com amor, alegria, ás vezes uma pitada de tristeza essas fábulas escritas em preto e branco.
Tanta coisa pra falar...
Uma das coisas que não me esqueço, dita por ele em uma das nossas conversas, fora mais ou menos isso, já peço desculpas caso esteja um tanto ou quase tudo errado: Não sei se gosto de realizar meus sonhos, gosto deles e realizá-los significa que eles já não estão mais ali no mundo dos sonhos...!!
Então digo. Sonhe, sonhe muito, hoje e sempre. Tenha os sonhos mais belos, impossíveis, necessários, mas não deixe de sonhar. É tão bom ver quando você realiza um deles, saber que agora eles saíram debaixo do travesseiro e estão voando.
Parabéns!! Parabéns!!!
A sua amizade é muito importante pra mim, meu melhor amigo, companheiro das risadas, das broncas, das escritas...
Desejo que as palavras saltem belamente dos seus pensamentos para o papel, que tudo o que você vier a escrever venha servir para algo e para alguém.
Desejo que seus objetivos sejam alcançados, que tenha a conta bancária necessária para sua necessidade e que tenhas sempre esse lindo coração.
Porque o ser humano fantástico você já é.
Um presente de Deus na minha vida.
Merece todas as bênçãos do Pai e sei que ELE te guiará para sempre.
Joyeux Anniverssaire Petit Ami...
domingo, abril 08, 2007
Relações..
Voltou? Sim, voltei. Porque? O que você ainda quer aqui? Não sei. Pensei em fazer um café, umas torradas. Sentar no sofá com você e assistir o jornal. Não entendo você, sinceramente. Porque? Vejamos.. Talvez pelo fato de que você, a menos de cinco minutos, saiu daqui me dizendo que não voltaria mais? É eu sei, pensei melhor. Acho que eu só precisava esfriar um pouco a cabeça. Esfriar a cabeça. Sei. A vai, não vai dizer que você levou realmente a sério tudo aquilo que eu te falei. E não era pra levar? Bem.. Não exatamente. Ah! Você sabe como eu sou. Às vezes acabo falando demais. É eu sei. Na verdade acho que você nunca sabe mesmo quando parar. Sabe, fico pensando se um dia você vai saber... Saber o que? Quando parar! Ah!...Não sei. Talvez. Não sei se “talvez” é a resposta que eu preciso ouvir. Ah pára com isso! Não precisa fazer todo esse melodrama. Um dia eu vou mudar... Não sei quando, mas vou! Eu tento pelo menos... Pelo menos... Me irrita essa tua certeza de que tentar já é o suficiente. Tentar não significa nada. Você tem que mudar! Efetivamente mudar! Não dá pra conversar com você! Só consegue ver o errado
quinta-feira, abril 05, 2007
As Noites Nunca São Iguais
Um papel prestes a conceber
poesia
a prosa do papel com o poeta
o cheiro da noite,
convida o poeta
boemio
entorpecido
as noites nunca são iguais
mesmo que se mude apenas uma estrela
promessas a lua
a primeira madrugada
um beijo acolhedor
sob um céu estrelado
as estrelas nunca são iguais
as mãos unidas
o nascer do sol
o sol sempre nasce
as mãos unidas
sempre...
sábado, março 24, 2007
Meu Velho Vício...
Queria eu escrever algo diferente. Faz um tempo já que as palavras me somem da mente. Sempre que começo algo novo, elas fogem, se escondem. Brinco de pega com as palavras e elas sempre ganham. Acho que elas de antemão sabem onde nunca as iremos encontrar.
A vida, minha vida, tem me feito pensar em várias coisas novas. Vou caminhando pela rua e tudo o que vejo me desafia, me põe
Tenho vergonha de estar aqui a escrever sobre pensamentos meus de novo. Não é justo. Tantos assuntos realmente importantes desfilam ante meus olhos e eu aqui parado. Egoísta penso apenas em mim mesmo. Na verdade não é isso. Antes fosse. O que me atormenta é o meu velho vício de ser romântico. Ou talvez de querer sê-lo. Olho em volta e vejo tudo, mas o tudo é nada, não tem importância, quando penso que é sobre você que eu realmente queria escrever. Não sobre mim. Você só. Não tenho medo de admitir que você é o meu assunto preferido.
Mas também não é só isso. Queria eu poder pensar em você sem associar a sua imagem à minha. Queria aprender a imaginar que somos dois e dessa forma dar um basta a tantas (falsas?) esperanças. A gente sofre tanto e nunca aprende o que realmente importa.
Queria escrever algo diferente, mas pelo visto não consigo. Vivo sempre a mesma repetição de pensar e escrever você. Corro atrás das palavras e só encontro o seu nome em todos os cantos, esquinas, calçadas, semáforos. Isso é ruim? Estou errado? Talvez.
Me pergunto o que seria mais importante: Escrever o amor ou escrever o mundo. Ser ativista ou romancista? Quem estava mais certo: Shakespeare ou Che Guevara? O que realmente importa? Tento me decidir por um lado, mas não consigo. Às vezes o muro parece alto demais para ser transposto e acabo ficando em cima dele.
Termino meus textos assim: Desejando um dia aprender a escrever sobre o que realmente importa, imaginando que talvez nesse dia eu descubra que eu já sabia a resposta.
quarta-feira, março 07, 2007
A menina
Ela caminhava entre ruas arborizadas tranquilamente, seus pensamentos estavam bem longe dali, o percurso era o mesmo de todos os dias.
Sempre de cabeça baixa, com sua mochila preta nas costas e suas havaianas nos pés, que juntos a levavam para o seu pequeno mundo de fantasias.
Ela entrava após alguns minutos de caminhada em um prédio histórico, onde ali ela podia ser ela mesma, não precisa fingir que sabia algo ou que nada sabia, simplesmente vivia do jeito que sabia viver, falava quando necessário, em vários momentos se pegava com o pensamento longe.
Ali no prédido velho, todo adornado meio em estilo barroco, subia as escadas e se dirigia a sala 79-B, procurava a sua carteira estofada, deixava a mochila preta no chão e ali se sentava.
Passava horas ouvindo vozes especiais a dizer sobre os mais fantásticos assuntos que a cativava, um dia sobre política, outro sobre sociologia e assim por diante.
Um sentimento estranho de se explicar crescia nela e a menina não entendia o que estava acontecendo. Em certos momentos sentia que não era dona do seus pensamentos, era como outra pessoa estivesse ali por ela.
Suas idéias e seus ideias a cada dia ficavam mais verdadeiros e honestos. Ela crescia sem perceber, sem perceber a doçura e seu jeito de criança sapeca e cativante.
Os olhos brilhavam quando algo a encatava, podia ser uma palara, um gesto, especialmente os sorrisos, sim isso a levava para outra dimensão, nesta criava as mais belas história e sempre dava um jeito de ser alguma personagem, ora era principal, ora era coadjunte, mas sempre presente. Sonhar em fazer o bem, algo sempre presente.
O motivo dela frequentar esse prédio histórico um tanto barroco era e sempre foi esse, fazer o bem.
Na sua mochila preta além de livros e cadernos a pequena leva seus sonhos, seus medos...
Os medos que a deixam menor, que a faz não olhar para o alto ao caminhar, o que a deixa com o olhar triste e molhado, mas que não aquieta seu coração e não seu sonhar...
Ela precisa aprender a caminhar e libertar suas borboletas saltitantes para voar, alçar os mais altos vôos, lançar suas idéias para o vento e deixar que ele se encarregue em levar para qualquer lugar...
Ela precisa voltar a voar...
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
O Silêncio da Vida
Esta jovem álgida então, forjou o assassínio de seu próprio pai, em companhia de seu noivo de grande carnificina e pouco, ou melhor, nenhum fervor pela vida, mas sim pela morte. Pretendiam estes, casar-se e viverem suas vidas ativamente e com glamour na intensa Paris. O que não sabia a moça, era que seu merecido noivo, também pretendia matá-la quando todo o dinheiro pertencesse ao seu bolso.
Então o plano foi extremamente abusivo: ela pediria para seu pai descer até o porão, lá, ele seria morto pelo pescoço quebrado dando indícios de que caíra da escada. Sua filha falaria para as duas empregadas que sairia para uma visita a uma amiga, mas voltaria sem dificuldades, pois era dia de compras, e, cometeria o assassinato, deixando o corpo exposto. Depois entraria num esconderijo, pois as mulheres retornam em minutos, as compras sempre já estão feitas, basta pegarem no quarteirão vizinho. O noivo chegaria à mansão após as empregadas e, ao andar pelos corredores da mesma, chamaria as mesmas para verem o por que a porta do porão estava aberta. Eles descobririam o corpo, enganando as duas mulheres ingênuas e a polícia. Depois da retirada do corpo e do balburdio finalizado, o noivo da herdeira desceria ao porão e retiraria a mesma de lá; escondida, sairia ela da casa e voltaria dizendo não saber de nada, em prantos, a morrer…
Tudo pronto para o dia final do pobre e maldoso também, porém agora enfraquecido pelas doenças, velho.
- Meu bem, pela noite de amanhã estaremos ricos. – disse feliz a moça loira.
- Assim rezo. Seu velho moribundo; sua tristeza de hoje será sua alegria de amanhã. Nunca pensei numa morte tão esperada e sorridente como esta. – disse gargalhando baixo o rapaz.
Naquela noite, foi a filha do homem ao seu quarto.
- Pai, pode ir ao porão pela manhã? Desejo lhe mostrar algumas das lembranças antigas de nós dois. E já que é muita coisa, preferiria que o senhor fosse até lá, sim? Ora, não é muito esforço, lhe ajudarei, prometo. – falou falsa ao pai.
- Eu vou como último esforço a você minha querida filha, já que nunca mais conseguirei fazer nada mais por você. – disse meigamente o velho.
- Por Deus, não diga uma coisa dessas. Não seja tolo. Viverá muito porque quero que viva. Viverá até mais do que eu mesma. – e a farsa estava pronta a ser vendada. E já que ninguém nunca saberia se sairia ela ou não, já que o seu pai não mantinha bom relacionamento com as empregadas, ela tranqüilizou e teve uma ótima noite, pensando no futuro e na cobiça.
Pela manhã, a jovem se arrumou após o desjejum e saiu pela porta anunciando às empregadas que iria sair e só pretendia voltar pela noite. Logo, as duas mulheres saíram e ela voltou. Subiu ao quarto do velho e o ajudou a descer. Andaram pela casa e chegaram ao fim. A filha traiçoeira, não por matar a pessoa que era ele, pois tinha má índole, mas por matar o próprio pai, que apesar de tudo, nunca deixou que algo faltasse a ela, abriu a porta. Depois da porta aberta e quando a moça percebeu o que iria fazer, acovardou e viu que não conseguiria apunhalar o velho na cabeça ou mesmo lhe quebrar o pescoço. E tão desesperadamente decidiu o empurrar da escada e, se ele não morresse, o mataria, pois não haveria mais o que fazer, não poderia acovardar novamente. E o fez: jogou o velho do topo das altas escadarias; ele, ou seu corpo fez um malabarismo ofegante quando passava por cada degrau de duro concreto e morte infelizmente segura e diretamente ágil. Quando ela desceu, aliviou-se ao ver que estava ele morto. A filha do inexistente, a partir de agora, já ouvia as altas conversas das empregadas chegando.
Rapidamente ela abriu uma porta sobre o chão, que era um esconderijo que ninguém poderia achar, era muito bem escondido e de fácil acesso para quem soubesse de sua existência. Ele fora construído anos antes para a segurança da família, quando a Primeira Guerra ocorreu; estava inativo e inutilizado há quase uma década. Mas era totalmente seguro, só abria por fora (o que era o único grande defeito, pois antes abrira por dentro, lógico, mas depois de anos sem uso foi-lhe trocada a fechadura) e ninguém podia ouvir nada, estando dentro ou fora dele. E dentro, ela já havia colocado comida para que não passasse fome; havia um corredor minúsculo e apertado e depois, numa curva, uma saleta escura e fria, parecia assombrada.
Após alguns minutos dentro do esconderijo, ainda na porta, não entrando à salinha, ela pôde ouvir um gemido ao longe. Quase lhe veio a morte com o medo; e então, ela reconheceu quando ele falou, que era seu noivo tão infeliz.
Ela deixou escapar um grito tão horrendo que não entoou pelos céus a fora porque não pôde, assustou aos anjos e maus espíritos também; foi tão terrível quanto a morte em um dia chuvoso. Uma empregada ouvira a conversa da noite passada e contou ao patrão, porém lhe faltou coragem para dizer que a filha também se envolvera, então ocultou. O velho assim chamou alguns homens e mandou que prendessem para sempre o noivo de sua filha no esconderijo do porão e que o assunto fosse esquecido.
Foi ainda na capital inglesa, onde soavam dos céus clarões numa tarde chuvosa e tão triste; num chão ensopado pela água das nuvens e sangue dos homens, dos estrondos, e da úmida terra, não pela chuva, mas pelas lágrimas de alguém esquecido que se perdera em seus próprios sonhos que o sufocavam tão vagarosamente pela noite adentro.
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Hora Certa...
- Eu acho que é uma característica bem minha mesmo, esse negócio de perder as esperanças... – Ela disse, fitando o céu nublado sobre suas cabeças.
- Mas porque você pensa isso?
Ele tentava encontrar naquele olhar algo que lhe transmitisse mais do que simples desencanto. Ela continuava a fitar o céu, como se não tivesse percebido a pergunta. Ele sentiu uma certa exasperação frente a tal descaso, mas com um pouco de esforço conseguiu conter-se: Já acostumara-se com aquele ar distante que ela assumia quando estavam sós. Abaixou a cabeça e esperou, mirando uma fila de formigas que andavam ordenadas pelo chão. Quis ter alguém consigo.
- Não sei... – Ela finalmente respondeu – às vezes eu penso que tenho certa propensão a perder as esperanças nas coisas, nas pessoas. Nos relacionamentos. Não é nada com você, é comigo. Eu sou o problema.
Levantando os olhos percebeu que ela o observava. Em seus olhos não conseguiu ler absolutamente nada: Eram olhos de vidro. Ele sorriu. Ela perguntou:
- Você está rindo do que?
Subitamente toda a situação adquiriu para ele um humor inacreditável. Desatou numa gargalhada incontrolável que a deixou com um semblante assustado. Ele pensou em tantas coisas que poderia dizer nesse momento e agora nada de realmente interessante lhe vinha à mente. Só conseguia mesmo achar tudo aquilo muito engraçado. Ela voltou a olhar para o céu, pensativa.
- Eu acho que vai chover.
Ele tentava se recompor, enxugando o rosto. Olhou para o céu franzindo o cenho.
- É verdade.
Ela o olhou. Os olhos negros vasculharam cada centímetro de sua alma. Ele sentiu aquele olhar como se um holofote fosse colocado em sua direção. Seu calor percorria-lhe o corpo. Sentiu de repente que era hora. A hora certa.
Perdeu-se por completo de qualquer sentimento de orgulho e desnudou-se por completo. Aprisionou-lhe os olhos nos seus e disse-lhe, sem pronunciar palavra, aquilo que ela precisava (merecia?) ouvir. Resgatou a flor que no chão se encontrava trazendo-a de novo à lapela. A montanha sobre seus ombros jazia destroçada.
Mais forte que ele, sempre o fora, ela desviou o olhar. Olhava para o chão e ele soube que naquele peito algo ainda se movia. Pensou em dizer algo, mas a hora certa, assim como viera, fora-se. Talvez para sempre. Pôs-se de pé e, dando-lhe as costas, deixou-a sem olhar para trás.
Dos olhos baixos algo escapou para o chão.
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Os Reinos do Jardins Mortos
Da bela entrada que algum dia foi, para um jardim tentando respirar dentre suas próprias câmaras funestas. Em cima da porta, uma coroa anunciando a morte precedente para uma alma fraca e um espírito num corredor escuro. Horríveis são os sussurros e ruídos e gritos sufocantes calibrados de uma ornamentação travada e forjada pelos santos demônios que se contorcem dentre as várzeas folhais de espanto e preces não ouvidas. São eles rústicos e astutamente vibrantes, quebrando o espelho da Mãe que ali já não é mais. Vê-se, pelas grandes raízes das imensas árvores que crescem desgovernadas como nunca, o sangue escorrendo pelo seu corpo lenhoso lentamente e indo ao encontro da Grande Terra que se alimentará então desta seiva, deste ferimento do mundo. As raízes saltam com furor e no caminho que fazem, todos tropeçam e caem e são engolidos como algo no mar; assim é a terra estranguladora de suas vítimas. Oh, nunca mais irão nascer as orquídeas do tempo.
A história vem sendo escondida por páginas de histórias, muito dita por aqueles que não mais nascem a cada dia; estas páginas de meu diário. Tecendo o dia no nunca nesta luxúria impecável de mentiras que nunca escrevi. O dia se foi, a luz decaiu, o ar se perdeu. Oh! O dia caiu em trevas. Trepadeiras nascem para sufocar. Oh! As orquídeas se foram. Perdem-se em minha própria terra, agora se entende porque ele morreu. Sim. Um senhor para o medo. O meu Sol mora aqui, nunca mais ele aparecerá e o tempo dirá o sinal que virá.
Sapos que coaxam e pássaros da Morte que produzem em suas bocas mortais o falar repetitivo das Trevas. Onde nelas, o vácuo do Universo descansa após àqueles incompreensíveis odiados que pelos jardins passaram rapidamente e deles, fizeram-se todos os infinitos rancores de pavor e pequenez dos grandes Senhores do Mundo. Estes insolentes… Deixaram assim estas gramas antes brilhosas; estes arbustos antes deuses, agora coitados; essas vidas, agora somente morte. O que sobra da terra é aquilo que nunca mais nascerá. O que sobrou disso, é aquilo que nunca mais se entenderá. Mas assim ai de ser por enquanto viverem as malícias e, aqueles hipócritas, por bem, já passaram por lá ágil e não mais retornarão porque se sabe que o que estes merecem, o mundo não merece e nem a eles também. Eles mataram e não se arrependeram e assim com as orquídeas que, oh! Nunca mais nascerão.
No meio do Sol, do centro de tudo; uma jarra grande de barro que cospe água grandemente em seu interior. Uma nascente de um mundo, de uma terra assim. Dela, quebrada agora, formam rios de sangue que envenenados correm para dar vida aos infames infantes. Dar a luz negra para as árvores obscuras. Garantir o fumo azul em negro dos demônios assustados com eles. Chamar a vitalidade de ódio para que aqui prevaleça e ande e morra. Pois nem isso aqui vive eternamente. Nem isso aqui quer viver só agora. Donde canta, só dorme e faz gritar de medo por vezes e sempre. De aqui e aqui e para aqui, nada mais. Do grande vale dessa jarra; isso, fonte; desse chafariz eterno que sempre verterá por seus olhos ensangüentados e vermelhos a água da água dessa água. Agora hão ao de tudo saber, de tudo de crescer e aqueles, destruir. É desta água das trepadeiras mortas e vivas debeladas; é desta água das lindas e líricas orquídeas que já exalam malmente odores de sangue e, apodrecem sem amor em seus corações sufocados pelo medo de viver e o apuro de ser.
Nos cantos de cada canto um dia se esconde, um laço se esconde, uma tortura se esconde, uma tormenta se aguarda. Um dia para o sempre, um laço para os iguais, uma imagem para sempre, do caminho tortuoso do destino. Do guardar de uma lembrança escondida dos jardins e que no mal prevaleça. Dum tenebroso terrível que ternamente assusta, da alma de um santo que livremente correrá nas tristes gramas cinzas de um mundo negro.
Eu sei
domingo, fevereiro 18, 2007
Dormir, sonhar, pensar.
No jardim o botão se abre repentinamente. A flor nasce bela, destacando-se no meio da noite e seu perfume alcança as estrelas. A morte virá ao nascer do Sol e, da mesma forma que veio, a flor desaparecerá: Um labirinto de esquecimento do qual só voltará a encontrar a saída num tempo pré-determinado somente a ela pertencente. O quando é para sempre imprevisível, indeterminado.
Dentro da casa o gato dorme tranqüilo, quando um ruído na janela o desperta dos seus sonhos: Olhos verdes brilham na escuridão da sala. Ele espera. Parado escuta o silêncio ao redor. O feixe de luz da Lua que entra pela janela incide sobre o sofá, exatamente no local onde ele se encontra. Irritado, levanta-se e muda de lugar, refugiando seu sono na escuridão total. O gato sonha.
A cama é desconfortável. O velho senhor tenta encontrar uma posição que lhe guarde da agonia. O sono confunde-lhe os pensamentos e ele mal percebe o edredom que se arrasta pelo chão. Antes de embarcar de vez rumo ao vale dos sonhos, ele pensa, da mesma forma que o faz noite após noite, que amanhã deverá procurar um novo colchão. O velho senhor, sem perceber, dorme tranqüilo.
Sentado na escrivaninha o homem pensa. Tenta encontrar uma saída para o enigma que persiste em atormentar o seu sono. O cursor pisca esperando ansioso para preencher a tela em branco à frente de palavras que não vêm. Ele pensa que nunca mais será capaz de escrever uma única linha interessante e sente um misto de tristeza e desespero por isso. Não sabe o que será da sua vida sem a escrita. Os olhos vidrados na tela, o homem pára. Ele pensa.
Ninguém percebe: O gato sonha, o senhor dorme, o homem pensa. Lá fora a noite passa. A flor exala seu perfume que se espalha pelo jardim, iluminado pela luz do luar. Ela luta, em vão, contra a passagem do tempo, contra a manhã que se aproxima. A verdadeira beleza nunca é eterna e as batalhas mais importantes passam sempre despercebidas.
Dormir, sonhar, pensar.
É preciso enxergar.
Ontem, dia 17/02 fez-se um ano desde o primeiro post desse Blog. Fico muito feliz em perceber que um ano depois ainda temos muito o que falar, o que escrever. Agradeço àqueles que nos visitaram e que continuam nos visitando. É muito bom saber que alguém ainda nos enxerga de verdade.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Grande Dia...
Abriu os olhos e pensou:
“Hoje é o grande dia!”
Levantou-se da cama bem disposto. Não se lembrava da última vez em que acordara tão bem. Foi ao banheiro e, para a figura que olhou-o de volta do espelho disse, empolgado:
- Hoje é o grande dia!
Tomou banho e barbeou-se como se estivesse se preparando para uma grande festa. A loção pós barba nem ao menos fez-lhe cócegas. Sentia o coração bater no peito, na ponta dos dedos das mãos, dos pés, no cotovelo, joelho. O corpo inteiro pulsava num ritmo cadenciado, rápido, apressado. A adrenalina que lhe percorria as veias fazia-o sentir-se grande, completo, invencível.
No quarto, vestiu a melhor roupa de trabalho que tinha, reservada para uso apenas em reuniões importantes, com clientes importantes. Terno: calça e paletó pretos risca de giz, camisa branca e gravata lilás, listrada. Calçou o sapato preto e abriu a gaveta de perfumes. Escolheu o melhor e mais caro: Francês, trezentos reais o vidro médio, cem mililitros. Uma borrifada no pescoço, uma no pulso e uma no corpo. Não queria exagerar.
Já na cozinha, esquentou o café rapidamente e bebeu de um gole. Correu para a sala, pegou a pasta, a chave do carro e dirigiu-se para a porta. A chave no trinco, parou. A cabeça deu a volta pela casa procurando algo que possivelmente havia sido esquecido. Voltou à cozinha e pegou um chiclete: Para o hálito. Abriu a porta e dirigiu-se ao elevador. Segundo subsolo, garagem. Entrou no carro, deu partida e saiu.
Na rua, o trânsito o irritava além do normal. Queria chegar logo, não podia perder a hora. Olhava constantemente para o relógio no pulso, uma peça antiga, que pertencera a seu avô e que há alguns anos fora-lhe dada pelo pai como presente de formatura, quando terminara a faculdade de engenharia. Lembrou-se do ar de dúvida do pai quando lhe dera o presente, meio que não sabendo ao certo se lhe era merecido.
O rádio do carro tocava um rock’n roll contagiante quando entrou no estacionamento do edifício onde trabalhava. Parou o carro na vaga de costume e esperou. Olhou em volta e não encontrou o que procurava. Suspirou aliviado: Estava adiantado. Nos minutos que se seguiram, seus pensamentos viajaram por uma infinidade de possibilidades, tentando formular na cabeça as cenas que, esperava, aconteceriam a seguir. Imaginava a coisa toda de mil formas diferentes e seu eterno otimismo teimava em pintar cada uma delas de cores invariavelmente impossíveis.
A ansiedade estava a ponto de tornar-se em desespero quando tudo começa a acontecer: O Palio prata, ano 2004 modelo 2005, quatro portas e motor total flex, entra lentamente pelo portão mecânico da garagem. O frio na barriga é tão intenso que lhe parece congelar a alma.
O carro pára.
Ele desliga o som e abre a porta.
Alguns segundos e a motorista do Palio sai do veículo. Terninho preto, camisa branca, o cabelo amarrado atrás, formando um rabo de cavalo, óculos de armação grossa, preta, pasta na mão.
Ele caminha lentamente até o elevador e aperta o botão.
Ela demora um pouco. Alguns segundos, uma eternidade. Seu perfume a precede. Um francês: Trezentos reais o vidro de cem mililitros.
- Bom dia!
- Bom dia!
O elevador chega e os passageiros embarcam. Ela aperta o doze. Ele o dezessete.
Dez segundos. Um mundo de possibilidades.
- ...
- ...
A caixa de metal pára.
- Tchau!
- Tchau...
Um grande dia.
domingo, janeiro 28, 2007
Seguindo...
Sigo,seguindo, sorrindo
por onde, pra onde?
não sei...
"the journey is the destination"
e na jornada sigo
seguindo
sorrindo
pra onde?
já disse...
E onde a visão
já não alcança o horizonte
Apenas a menina,
de mãos dadas com o menino
e o menino...segue
seguindo
sorrindo
pra onde?
...só sei que bem acompanhado
porque a jornada,
a jornada é o destino...
Mãos de Tesoura...
Tenho medo que minhas mãos de tesoura machuquem o seu coração. Pensei em você o dia todo e continuo pensando agora, enquanto escrevo essas palavras. Ontem quando nos despedimos você me disse que pensaria em mim, e me pediu que eu pensasse
Eu não fiz nada. Sentado, lá fiquei.
Às vezes me pergunto se você realmente sabe o quanto eu te amo. Será que sei demonstrar de maneira totalmente convincente o tamanho do que sinto por você? Eu acho que não e isso me desespera. Tenho medo que você não se sinta amada. Será possível? Cada vez mais me convenço que sim.
Deveria eu ter me levantado e corrido atrás de você, apenas para confirmar meus sentimentos, apenas pra te dizer mais uma vez que você é especial? Sinto-me um monstro sem sentimentos cujas mãos (garras?) oprimem e machucam as pessoas que amo. Tenho medo que minhas mãos de tesoura machuquem o seu coração.
Amanhã, quando nos vermos de novo, vou te abraçar forte, como nunca. Vou dizer-lhe as palavras que você quiser ouvir. Não quero mais essa vergonha que me impede de expressar aquilo que realmente sinto. Você me despertou de um coma profundo do qual, a muito, tentava me livrar. Quero mãos e dedos de verdade.
"Antes dele aparecer nunca havia nevado.
Depois que ele apareceu, nevou.
Acho que se ele não estivesse mais lá não haveria mais neve.
Às vezes me surpreendo dançando na neve..."
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Cordas
Os acordes doces
Lá, si e assim
Docemente tocava:
Leve me leve
De leve revele.
Doces notas,
Pausas salgadas
Encantavam
E quase cantavam:
Me leve, me leve
Me toque de leve.
E ele tocava
O toque leve
Leve levava
E tocava.
Leve se ouvia
E de leve, si encantava.
Leve ele tocava,
Sempre tocava
De leve.
Tocadas diziam:
Que me leve!
Sol...
Gosto de tocar violão. Na verdade, primeiramente deveria dizer que gosto de música. Mas não é isso. Esse não é o ponto. Gostar de música é pra mim algo tão normal que não penso vida sem sete notas. Meu coração, acredito, bate num tom bem Jobim.
O violão. O violão é mais que música. A música sempre esteve presente em todos os meus momentos. Tenho com ela uma relação de profundo respeito. Sou ouvinte e, como tal, sou transformado por ela. Com o violão no entanto a coisa muda. Meus dedos passeiam por suas cordas e num instante as rédeas estão em minhas mãos. Sou criador. Tenho o remédio para qualquer mal ao alcance de um acorde. Um Sol talvez, brilhando forte na escuridão das minhas tristezas.
Mas, você me pergunta, porque escrevo isso?
Pra te dizer uma coisa:
Hoje acordei, olhei pro lado na cama e você não estava lá. Eu sei que você tem que viajar e não quero que deixe de ter sua vida por minha causa. Não é isso. É que ver o seu lugar vazio me causou um súbito aperto no coração. Em um segundo me senti o mais sozinho dos seres e desejei, talvez como nunca, um abraço seu. Precisava ver o azul do mar que são seus olhos.
Levantei-me. Fui até a sala e peguei o violão. Voltei para o quarto e sentei-me à beira da cama. Meus dedos criaram um Sol e você sorriu pra mim na praia, naquele dia quando nos vimos pela primeira vez. Si menor e minha mão toma a sua em nosso primeiro beijo. Ré e estamos na varanda de casa, contemplando as estrelas. Lá e você está cá, do meu lado, deitada em meu peito e dizendo que me ama. Boa noite.
A música terminou (Terminou? A música tem fim?) mas a sua lembrança permaneceu. Coloquei o violão de lado e voltei a dormir. Tranqüilo.
Nos meus sonhos você sorriu pra mim.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Carta
Um par...
A cada esquina tem a sensação de quem sabe cruzar com um par de olhos a fazer sentir um certo rebuliço no seu estômago. Caminha por ruas, avenidas e nada, dobra esquinas e o coração acelarado, um tanto cansado, deseja seguir em frente, acredita na possiblidade de cruzar com os olhos na próxima avenida. Percebe que isso não aconteceu, dá sinal para um ônibus que a levará para um lugar movimentado da cidade, com ruas largas e árvores no caminho. Pessoas saem do trabalho, algumas vão em rumo as suas casas, outras decidem parar em algum bar e papear com amigos e há ainda aquelas que somente caminham.
A jornada da moça continua.
Essa busca incessante começou após a ida a locadora com a finalidade de locar filmes para sua diversão, ao chegar lá deu de cara com uma senhorinha muito simpática e travaram uma gostosa conversa, a senhora curiosa com a espontaniedade da menina, o jeito de falar com as mãos e sua desinibição a deixou curiosa, perguntou de qual signo era. A menina responde que é do signo de libra e a senhora conclui, sim uma libriana, por isso o gosto pelas artes e essa forte maneira de se expressar, continuaram conversando. Risadas, perguntas foram feitas e respondidas. A moça descobre que aquela mulher além de trabalhar na locadora, é também astróloga, ela não era de acreditar em previsões, mapa astral e todas essas coisas vinculadas com os signos do zodíaco, mas achava interessante ouvir sobre, para comparar com ela, saber se casava com as sua personalidade, seu jeito de ser e seus anseios. Sabemos que todas as pessoas tem uma curiosidade em comum, saber sobre o coração, todos gostam de saber do estado civil dos seus próximos ou daqueles que acabaram de fazer amizade, com aquela mulher não fora diferente. A astróloga pergunta a menina como está o seu coração e ela diz sozinho, ou quem sabe apaixonado, mas como de regra continuava só, sem um par, sem aquele alguém que a gente espera encontrar no final de um dia cansativo para ganhar um carinho, um abraço, ser contemplada com o mais belo sorriso.
Ela anda só.
Então a senhora astróloga diz a jovem para não se preocupar, porque o seu signo nunca a deixará terminar a vida sozinha, disse que a libriana busca e necessita de alguém para dividir, multiplicar e somar as maravilhas e tristezas da vida... Só você não fica.
A moça não sabe se ri ou se chora, mas decide não ficar parada ali esperando algo acontecer, quer e vai a luta ou melhor a busca. No seu mundo de sonhos tudo é possível.
Ela, menina-mulher, garota sonhadora, pede através dos seus gestos delicado e outras vezes exagerado carinho e cuidado. Dá e esbanja sinceros sorrisos a todos que cruzam o seu caminho a espera de um dia quem sabe encontrar um par.
sábado, janeiro 20, 2007
Na minha terra do nunca...
Lá onde o verso vira prosa
e vice
e verso
onde os dias começam de noite
junto ao céu carregado de estrelas
onde saimos a caçar cúmplices de um nascer de sol
e o som do piano é a música ambiente
que dá o ritmo a embalar todas as belas histórias
lá tem pizza e pinga com coca-cola
e agente corre de mãos dadas na chuva
lá não existe relógio
e cada minuto uma longa e deliciosa hora
cheia de surpresas
permeada dos mais belos sentimentos
Lá, o lugar que encontrei pra chamar de meu
A minha terra do nunca...
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Luz de Estrelas...
Esperas a Lua nascer, subas a colina dos sonhos, acaricies a relva verdejante e deita-te. Cubra-te no véu da noite e feches os olhos. O que vês? O que sentes? Com quantas palavras se descreve um sentimento? Com que letras escreverias uma emoção? Pensas ser possível tal tarefa? Impossível talvez? Nada é impossível àqueles cujos pés seguem as veredas do coração. Aí, de repente, tu paras e perguntas: “Como?” Respostas tais, sinto em dizer, não tenho. Penso que talvez estejas agora a desacreditar-me. Peço não o faças. Deita-te de novo. Abras os olhos e mire as estrelas. O que vês? Leia-te a ti mesmo e descubras que da luz vieste. O grande segredo se desnuda à tua frente. Não tenhas medo de inquirir, de procurar. Sejas explorador do infinito. Estendas as mãos e tateies as estrelas, deixes que seu brilho ilumine teu entendimento. Nas estrelas leio Esperança. E tu, o que lês? Feches os olhos e percebas que na escuridão brilha agora, tímido, um pequeno ponto de luz. Voltes pra casa e em teu quarto, durmas tranqüilo. Amanhã, ao acordares, teu dia brilhará em intensa luz...
Luz de estrelas.
terça-feira, janeiro 16, 2007
O coração não bate mais
Apenas um músculo continua em movimento, em trabalho
O cérebro mais esse músculo colocam em funcionamento o corpo
Levam o ser para todos os lugares, sem deixar rastros
Sem deixar vestígios de sentimentos
Alias, esse sempre foi o seu fraco
Sentimentalismo
Deixava tanta coisa de lado para dar vida a essas coisinhas que damos o nome de sentimentos
Presenteava os mais próximos com os mais sinceros votos de carinho e admiração.
Agora é ela que necessita de atenção
Não sente mais nada, não sabe quem é
O coração, sempre citado em conversas
Hoje apenas bombeia seu sangue
Apenas faz correr pelas veias de seu corpo os nutrientes necessários para a sua sobrevivência.
Sobrevivência?
Talvez não seja isso o que ela deseja.
Provavelmente nem ela saiba...
O que passa é uma mistura de confusões, de pensamentos mal resolvidos dentro dela mesma.
A caixinha de música soa em lembranças infantis.
A memória cheia de acontecimentos bonitos a faz sorrir por segundos, ela tenta no meio delas encontrar algo que a faça entender o que se passa.
Fica somente na tentativa...
A vida segue, os dias passam
A rotina permanece, seu coração apenas bombeia o sangue
domingo, janeiro 07, 2007
To Write About Fear..
She came to me and said something I didn’t understand very well, I didn’t get it. I thought that she was trying to be as nice as she could, but it wasn’t that. She was exactly that way: The most amazing girl anyone could ever meet. Suddenly I came to wish that I was wrong, that the situation was wrong, that every word I heard and everything I saw, were a big joke and that she was lying to me, just like everyone else. The heart is never ready to receive true love, true care. There’s nothing more frightening than to realize that somebody truly loves you and cares about you. To see in the eyes of that person the bright feeling of care trying to dominate your soul, makes you seriously think if you are worth of it. She looked at me with those unforgettable eyes and said the words. Those I needed to hear.
My heart broke down with the satisfaction and my head, my body, my soul, were hers already. Love should never be confused by fear.
I guess we should only fear not to love.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Egoísmo Criador...
Sozinho. De novo o mesmo substantivo. Adjetivo talvez? Não. Estar só é tornar-se único: Um ser Um. Quando o Ser é, substantivo se torna, ainda que Um. Das palavras que seguem, no papel em branco nasce o Ser. Dou a luz a um Ser novo, meu. Sua existência me pertence e sobre ela está sobreposta a minha vontade. O que desejo é, não depois, mas agora. Depois talvez? Antes, tanto faz. A decisão é inteiramente minha. Agora por exemplo, dos labirintos da minha mente, preencho o papel com símbolos. Letras latinas num português enrolado, cíclico, que carregam nos braços o filho que meus pensamentos, aprisionados em infinita cadeia neural, lutam pro trazer à vida. Quando? Agora mesmo, logo ali, naquela próxima frase. Nasce o Ser que, por ser singular, nos dois sentidos, é único. Desde já, momento de seu nascimento, condeno-o à solidão. Crueldade? Talvez. Não creio, no entanto. Na pele sofri a solidão das horas. Por que sofrer sozinho? Tantas vezes estive só, tantos dias, anos, que já não sei mais se o fato é tão ruim assim. Não me condenes. As pessoas subestimam a solidão. Sentes penas do Ser só? Perdes tempo. Ele é meu e, sendo assim, no estar só encontra o estar bem. Seus olhos de Lua brilham na neblina dos meus dias. De dentro do papel ele me mostra seu mundo. Agarra-me pelo coração, carrega-me em seus braços. O Criador nas mãos da Criatura. Como posso ter pena de um alguém tão cheio de vida? De verdade? Ele não precisa de ninguém. Tem a mim e eu a ele. Decido: O meu Ser sabe o caminho para a felicidade! Descubro de repente que o que o faz tão especial, é o desejo incondicional de traçar tal vereda por mim, indicá-la no papel com um marca texto cor de sol. Ele indica, mas não segue. Não o deixo. Antes que ao menos pense em dar o primeiro passo, a frase acaba, o texto termina. Ponto final. Daqui pra frente, sigo eu. Sozinho.
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Buscar sempre...
Ele só queria um pouco de silêncio, mas a música, a batida, inunda-lhe os ouvidos embaralhando pensamentos com as mãos, como pedras de dominó. Ele fita a imagem no espelho à sua frente e esta não lhe transmite qualquer familiaridade. Os olhos embaçados de lágrimas confundem os contornos das coisas, misturando personagens, cenários e histórias.
Mãos sobre a pia, ele fecha os olhos, cabeça baixa. No escuro vê a si mesmo criança, correndo na praia sozinho, brincando na água enquanto o pai conversa com uma mulher estranha. A cena é antiga e ele lembra-se de pensar que iria ganhar um sorvete. Uma raiva súbita e violenta dirigida àquele menino e à sua infinita ingenuidade, enche-lhe o peito. Os olhos se abrem. No espelho à frente, ainda a neblina. Ele leva as mãos aos olhos, secando a vergonha num ímpeto nervoso. Alguém vem entrando no banheiro e imediatamente ele sai.
O som agora é insuportável e ele procura, em meio à multidão de corpos que dançam, sorriem, conversam, se beijam, se tocam, tornando-se algo como um único ser de mil cabeças, milhões de pensamentos, a mesa onde sentam-se seus amigos. No fundo do ambiente ele os encontra. Reconhecimento. Aos tropeços, ele caminha até o grupo.
Ele agora está sentado à mesa. À sua volta as pessoas conversam e gargalham alto. Ele permanece
Estendendo a mão ele segura o copo. Enquanto leva-o à boca, a imagem da manhã que saíra de casa, a porta batendo às suas costas e pai gritando palavras sem sentido à mesa do café vem-lhe subitamente à cabeça. Ele tenta lembrar-se da última vez que pudera conversar com o pai sem que esse estivesse fora de si, mas não consegue. Na verdade ele não sabe mais o pai que tem, não reconhece aquela pessoa. Saudades de quem se foi para sempre. O líquido gelado desse amargo, esfriando a dor antiga que queimava-lhe o coração, sufocante.
Ele perde a noção do tempo, espaço. As doses que se sucedem o convencem piamente que está bem, que nunca estivera melhor. Por algumas horas esquece-se do significado da palavra solidão. Ele olha em volta e reconhece sua família, aquela que nunca teve realmente. Essa é a realidade para qual havia nascido, que lhe tiraram quando ainda criança.
A lua vai alta no céu e a madrugada dança nos ponteiros do relógio quando finalmente eles saem do bar. Ele agora é outra pessoa: O grande dono do mundo, da verdade, da vida. Da sua vida. Olha para o céu desafiando as estrelas, gritando a plenos pulmões medos que não existem mais.
Ele pega a chave do carro, alguém pergunta:
- Cara, você tem certeza que tá bem pra dirigir? Acho melhor eu levar o carro...
A resposta é rápida, óbvia, honesta:
- Não! Eu tô bem, larga mão! Nunca me senti melhor!!!